sexta-feira, 7 de julho de 2023

Éramos tão jovens...

 

O que dói quando o tempo passa

E as lembranças machucam os sentimentos?

Saber que as pessoas que estiveram em nossas vidas

E os momentos que se desejava que fossem eternos

Não receberam a devida atenção.

Nos tornamos escavadores de memórias.

O andar de uma vida nos envolve em incertezas,

Somos iludidos por nossas reminiscências.

Foi, realmente, assim?

 


Éramos tão jovens...

Cheios de sonhos que julgávamos possíveis,

Vendo o Mundo com a certeza de que o faríamos melhor,

Crendo que o tempo era infinito

- Não havia pressa -

Suficiente para todas as realizações...

 

Pensávamos que as pessoas seriam eternas.

Mas houve uma procissão de ausências...

Primeiro, seguiram os amigos,

Na busca por novas oportunidades;

Foram-se os pais,

Recolhendo-se à morada do Ser Supremo;

Afastaram-se os irmãos,

De carne e de coração,

No rumo dos seus próprios destinos.

E todos deixaram os rostos estampados na galeria da saudade.

 

Hoje, apertam na garganta as ausências.

A lembrança de que os sorrisos e os risos eram fartos.

Brincava-se com as parcerias

Nos ônibus para a escola ou o trabalho,

Nos pontos de encontros e diversão,

Nas provocações de quem se animava

A enviar recadinhos quando não se tinha

Coragem de chegar até alguém por quem se suspirava.

 

A vida era simples.

Tínhamos o cheiro da terra e da inocência.

Andava-se à pé ou de bicicleta.

Conhecia-se a roupa de cada um do grupo,

Ou, de longe, se antevia a pessoa amada,

O seu perfume de fim-de-semana

Ou da noite dos bailinhos...

 

A vida era simples.

Era-se feliz com o que se tinha.

O quartinho compartilhado

A sala para a família,

A cozinha - o lugar das conversas,

A rua e as cercas como espaço de vizinhança.

 

Éramos tão jovens... 

Que nem sentimos a vida passar.

Aos poucos, nos conformamos

De que não havia volta.

Mesmo diante do espelho,

Ainda se brinca com a imagem que imita,

Mas não recupera, a vitalidade daqueles tempos.

Nas brumas que anuviam os sonhos,

Deslizamos para vozes

Que teimam em sussurrar nomes e rostos,

Que perpetuam os contornos na nossa imaginação...

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