A Prefeitura de Porto Alegre estipulou a sexta-feira, 23 de junho, como a data em que, a partir dali, ficou proibido o consumo e a venda de bebidas alcóolicas na orla do Guaíba e no Parque Marinha do Brasil, entre meia-noite e 8 horas. Além disso, também proíbe a utilização de aparelhos e caixas de som entre 22 e 8h. Claro que a medida causou controvérsia. Mas poderia – e deveria – ser motivo para um questionamento: afinal, problemas com tumultos, brigas, mortes a tiros nestes lugares é uma questão de segurança ou de educação?
O que é, hoje, um ponto turístico na capital gaúcha e também lugar para prática de esportes, atraiu, na madrugada, gente de todas as tribos, havendo alerta de pequenos comerciantes de que, além do álcool, também se formaram pontos de venda de drogas. Nos poucos dias das novas medidas, os mesmos profissionais reconheciam que a “seleção” de públicos também propicia uma maior sensação de segurança. Por outro lado, aqueles que protestam e dizem que deveria se aumentar o policiamento. Será?
Engraçado
que os mesmos que não querem um estado policialesco advogam uma maior presença
de seguranças nestas áreas públicas. Será este o caso ou uma falha da sociedade
(aqui entendendo como um todo: associações, sindicatos, escolas, igrejas...
como também as famílias), que deveriam propiciar lugares em que os jovens não
se encorajassem a buscar na noite o que não encontram em seus ambientes mais
próximos? Não é uma questão de ser saudosista, mas espaços de convívio familiar
e de amigos.
Não
conheço muito do Mundo, mas vejo exemplos de países desenvolvidos em que
ambientes públicos de diversão não varam a noite. Surpreendi-me em Joinville (SC)
quando saí de um hotel pouco mais de 22 horas e percebi que tudo, inclusive os
caixas eletrônicos, estavam fechados. Há uma cultura do trabalho e de que a
noite é para o descanso. Mesmo em fins de semana, os horários são restritos. É
uma questão das pessoas se organizarem e, até para se divertir, utilizar
horários adequados.
Jovens
que procuram a rua ficam desprotegidos e caem, com alguma facilidade, nas mãos
de quem instiga a violência, o álcool e as drogas. Não é somente uma questão de
diversão, mas sinal de que a família já não consegue mantê-los próximos. Assim
como a escola, começando pela implantação efetiva da educação em tempo
integral. Liberando os pais para atividades profissionais, com a certeza de que
não haverá descontinuidade ou desculpas, cancelando atendimento e obrigando
responsáveis a deixar seus trabalhos.
A
fiscalização da Prefeitura de Porto Alegre é necessária porque a sociedade falhou
no processo de educação. Sociedade que não são os outros, mas todos nós,
potencialmente educadores. Manter crianças e jovens nas escolas, espaços de
convívio e nos lares é um começo para reverter a turbulência social em que se
vive. Infelizmente, na madrugada dos desassistidos, quanto mais os jovens
buscam e se acostumam a se divertir em ambientes potencialmente perigosos, mais
afastados estão de um convívio social sadio.
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