Não lembro desde quando ouvi falar da irmã Assunta.
Os ecos das suas passagens eram sentidos em paróquias e comunidades. Em dias de
atendimento, acorria gente das redondezas, mas também por onde uma vizinha
ouvira falar e fazia a propaganda “boca a boca”. O destaque ficava por conta do
atendimento fitoterápico - preparo de medicações e pomadas, em especial -
também as célebres e benéficas massagens, assim como as entrevistas/consultas
que serviam de orientação da saúde do corpo e da alma.
No dia 16 de novembro, a live Partilhando (da arquidiocese
de Pelotas) conversou com as irmãs quem mantém uma comunidade no bairro Areal,
congregação do Imaculado Coração de Maria. Era a nossa homenagem e uma
despedida, afinal, religiosas que dedicaram sua vida inteira atendendo às
populações mais pobres, nas periferias, agora têm o direito de descansar. Irmã
Fiorinda, com 85 anos; irmã Assunta, com 98; irmã Ida, com 90, são “meninas” a
quem devemos a nossa gratidão e muito carinho.
Quem primeiro me convidou para ir até o atendimento
da irmã Assunta foram meus pais, seu Manoel e dona França. Não tenho muitas
lembranças de outros lugares, mas a memória bem clara de quando estavam nas
dependências do Anglo, onde hoje está a Universidade Federal. Depois, já na
Casa do Caminho, em frente ao Jockey Club. Ali, sim, foram muitas visitas
testemunhando os passeios pela plantação, as conversas sobre como eliminar
lesmas, a troca de mudas e as dicas da melhor forma de usar cada planta.
O atendimento físico é acompanhado pela preocupação
espiritual, atuando de forma ecumênica que a levou a investir em hortas
comunitárias (ali existe uma) nas vilas e interior, sempre no sistema de
trabalho conjunto e de partilha. Quando entrevistamos o pessoal da Pastoral
Carcerária, uma informação chamou a atenção: antes que pensassem em atuar no
presídio local, a irmã Assunta e sua equipe já estavam presentes fazendo o
atendimento do corpo na sua integralidade e sendo uma semente de esperança.
Busco seguidamente própolis para meu uso e um
sabonete anticéptico para minha irmã, a Leonice. Impossível não notar que
pessoas chegam à Casa do Caminho, muitas vezes, depois de não terem conseguido
respostas em outros lugares. São acolhidas, num tempo diferenciado da pressa
com que queremos que tudo aconteça, ouvidas e alertadas de que, se estão
fazendo tratamento, continuem com ele e saibam que o que lhes será oferecido é
em apoio, muitas vezes para minimizar ou eliminar os efeitos colaterais.
Atender a periferia, a saúde, idosos e doentes é o
que o papa Francisco chama de “igreja em saída”. As irmãs dão testemunho, sem
buscar reconhecimento público. A irmã Assunta diz que já andou por muitos
lugares e sempre voltou a Pelotas. Que bom, irmã, que assim seja: Podem ir, mas
voltem, a diocese tem uma dívida de gratidão e, aqui, serão sempre bem vindas.
Quem trabalhou com vocês, cada um daqueles que foram atendido gostariam que não
fossem, mas se é preciso ir, que voltem um dia, nem que seja para uma visita...
Rezem sempre por nós. E que Deus as abençoe!
2 comentários:
Realmente é um trabalho maravilhoso o dessas irmãs. Que Deus as abençoe e as mantenha pell tempo máximo possíveis nessa cinhada
Nessa caminhada.
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