terça-feira, 29 de novembro de 2022

Educação: a hora é agora

Os administradores eleitos no estado e no país já estão bem alertados de que precisam voltar os olhos para a educação. É momento estratégico para realizar um pacto por um ponto de corte na linha do tempo do ensino. Eduardo Leite, eleito, se comprometeu com alguns partidos da sua base a implementar o ensino em dois turnos, em um número maior de escolas, afirmando que seu governo vai priorizar a área nos próximos quatro anos. E o governo federal traz nomes reconhecidos, tendo preocupação com o social.

O que é um “ponto de corte”? Não é novidade, países já o fizeram ao compreender que a verdadeira alavanca de qualquer processo de desenvolvimento se constrói priorizando a educação. Reação a um quadro semelhante ao atual: de infraestrutura, superlotação de salas de aula, evasão escolar, para citar alguns problemas agravados nos últimos anos pela Covid-19, que escancarou as diferenças sociais, já que, mal ou bem, escolas particulares conseguem sobreviver, enquanto a pública não tem como se manter.


Para quem acha que isto é conversa fiada, acesse a base de dados do Ministério da Educação. O Sistema de Avaliação da Educação Básica aponta que entre 2019 e 2021 o índice de crianças que não sabem ler dobrou. De 15,5% passou para 33,8%, entre alunos do 2º ano da educação infantil, na faixa entre sete e oito anos. O número mais trágico é apontado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância: dois milhões de estudantes, com idades entre 11 e 19 anos, no país, abandonaram a escola durante a pandemia.

Se já é preocupante a questão do conhecimento, fica mais difícil quando especialistas alertam que a Covid-19 foi elemento preponderante para a falta de sociabilização de parte dos alunos iniciantes. Houve recuo sócio emocional que afetou a individualidade e o desempenho na interação grupal. Com um ensino deficitário, foi atraso que compromete as futuras gerações. Escancara o pensamento de que o acesso qualificado à educação se transforma em privilégio de alguns e não num direito de todos.

Infelizmente, a relação entre cidadão e governo, no Brasil, é clientelista: a candidatura é oferecida, conquista-se o voto e se espera algo em troca. A pregação do “vamos fazer juntos” é somente discurso diante da realidade de uma população que, entre outras, lhe falta a educação política. Por desconhecimento, torna-se refém da própria ignorância. Não é à toa que, por se ter “políticos de estimação” os resultados das urnas são contestados pelo simples fato de que o meu grupo não foi vitorioso. Então, não vale...

Os discursos dos candidatos precisam deixar de ser apenas cartas de intenção e virar propostas concretas. Não importa em quem o senhor ou a senhora votou. A eleição dividiu o estado e o país e vai levar um tempo para sarar as feridas, se é que serão curadas. No entanto, engessar atividades públicas é causar prejuízo maior à parcela da população que sequer consegue entender o porquê do seu sofrimento. A mudança real inicia com a sociedade assumindo que a hora é agora para dar uma virada na educação.

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