Engatinhar, andar ereto, usar uma das muitas bengala.
Faz parte das diversas etapas da
vida,
Que se pode chamar de amadurecer
Ou, apenas, de envelhecimento.
É o tempo que passa:
Às vezes, da forma mais difícil,
Intui e tentei compreender
O outro e as suas circunstâncias.
Muitas vezes, pensando em ser “senhor”,
Tornei-me, apenas, escravo da arrogância.
A arrogância que se destila sobre a
Natureza que agoniza
Enquanto sorvemos doses de
vaidades:
- Na árvore ferida, que ainda geme
O seu incompreendido perfume de
dor.
- No animal abatido,
Que tem os olhos súplices pelo
socorro de quem o feriu.
- No rio em que homens e animais
mataram a sede
E agora agoniza no assoreamento e
poluição
Que lhe retira o brilho, a graça e a beleza.
Meus discursos, muitas vezes,
Não fizeram eco com as minhas
práticas.
Convenci-me e tentei convencer
De que tenho as receitas
necessárias
Para organizar os “mundos” que, se
girarem,
Devem girar em torno a mim...
O outro é o depositário dos meus argumentos.
Quero fazer valer:
A prepotência do saber,
A prepotência da força,
A prepotência da cor,
A prepotência do sexo,
A prepotência sobre o diferente...
Custei a aprender que
Dialogar é sempre um processo de
conversão.
Quando uma semente de sensatez
Rasga o asfalto e produz apenas uma
flor.
Talvez não dure,
Possivelmente seja ignorada,
Mas está ali como possibilidade.
Preciso reencontrar olhares que não
excluam,
Que respeitem, cuidem, acolham.
Para voltar a falar de flores, do
tempo,
Das coisas simples que fazem a
diferença.
É sempre uma opção:
Dificultar ou não o germinar em que
Vencer o isolamento é também vencer
medos,
E dar à luz a possibilidade de
florescer novamente...
Nenhum comentário:
Postar um comentário