Abro uma fresta na porta das minhas
memórias.
O tempo mareia as minhas
recordações
Que flutuam no embalo das ondas,
Dos sentimentos que insistem em
Jogar na praia os ecos que brincam
com
A algazarra de vozes que teimam em voltar
do passado.
Ao se recolher,
Fazem imergir no silêncio.
Não o silêncio da profundidade
Das águas turvas e revoltas,
Mas das superfícies lisas
Que espelham o céu e o que alcanço
do Infinito...
Saborear as palavras.
Degustá-las como quem as experimenta,
No prazer de que, ao sorvê-las,
Há algo que não se revela e se
mantém no Mistério.
Brincar com as palavras é, também,
brincar
Com os silêncios do amanhecer que
as ressignificam.
Andar pela areia no tempo em que o
sol
Costura a alvorada com as cores da
eterna primeira manhã.
Quando vozes e palavras são
parceiras
Que alimentam memórias e delimitam horizontes,
Em que a palavra sempre está além.
Talvez não a palavra dita,
Mas a que está grávida do silêncio.
Aquela não dita
Que necessita da cumplicidade de
quem
Compartilha significados.
Leva-se um longo tempo para
perceber
Que, muitas vezes, são ecos de
rostos
Perdidos nos recônditos das
ausências.
O marear das lembranças silencia
Meus lábios e alcança a janela dos
meus olhos.
Já não estou em busca de sonhos,
O rumo das águas se
Confunde com as palavras, as vozes,
os rostos...
Assim como a lágrima que orvalha o
caminho,
Trôpego das minhas certezas,
Certo das perguntas que movem meus
passos,
Resgatando segundos que turvam
minhas memórias
E são música no compasso da
saudade!
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