Senta aqui,
Senta aqui ao meu lado.
Na despedida, as palavras são
desnecessárias.
O olhar, a lágrima, um carinho
Dizem mais, calam mais fundos,
Deixam a sensação de que partidas
Têm sempre a possibilidade do
retorno.
Procurar motivos para a despedida é
inútil.
Como buscar sentido no rio que
corre,
Cumpre seu destino,
Deixa marcas nas costas de onde
Recebe vitalidade e torna fértil as
terras?
Quando o trem apitar na última curva dos trilhos
E as cancelas começarem a ser
levantadas
Para apaziguar o trânsito,
Ainda terás tempo de pegar tua
bagagem
E tomar o rumo da plataforma.
Embarcar ou não vai ser uma decisão
tua.
Deixarás para trás lembranças e
saudades.
Não te prende a elas,
Mas também não te faz refém
Do que te trouxe tristezas ou
alegrias.
Por onde andares, quando encheres
os olhos
Com tudo o que o Mundo te
proporcionar,
Ainda restará a possibilidade de
uma volta.
No entanto, não te enganes:
Nada mais será como antigamente.
Quando me encontrares cansado e
alquebrado,
No mesmo banco, na mesma estação de
trem,
Pelos mesmos trilhos que te levaram
e aos teus sonhos,
Seguiu o tempo que um dia te
encontrará
Aqui, sentado neste mesmo lugar.
Serás testemunha de outras despedidas,
Agoniado com as partidas.
Perdendo um pedaço do teu próprio
ser,
Sabendo que o trem que parte,
Mais cedo ou mais tarde,
É aquele que acaba voltando.
Senta aqui,
Senta aqui ao meu lado.
Um dia a gente parte,
No outro, partem aqueles que
amamos.
O gemido do trem que se afasta
É o mesmo que, um dia, vai apitar
na chegada,
Encher teu coração de alegria,
Pois já terás teus próprios
fantasmas para
Mostrar que estás mais próximo
De embarcar na viagem que
Dá sentido a todas as partidas...
E a todas as despedidas!
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