Quem chegava ao memorial da Irmã Dulce, em Salvador, na Bahia, nos últimos dias, encontrava como recepcionista uma velha conhecida da população pelotense: a jornalista Carmem Lopes, que por aqui atuou como repórter de geral, na RBS TV, e, depois, também, na cobertura esportiva, especialmente em futebol, sendo a primeira mulher nesta área. Em seguida, alçou outros voos pelo estado e também em nível nacional. Recentemente, reatamos contato pelas redes sociais e pelo whatsapp.
Como se diria antigamente, nos conhecemos em
“priscas eras”. Eu assumia a assessoria de comunicação da Prefeitura de
Pelotas, no governo do Bernardo de Souza, e a Carmem iniciava como repórter.
Facilmente nos tornamos amigos, pelo respeito que tinha pela profissional que
já se vislumbrava. Fazendo cobertura de política, era fácil fazer a troca de
figurinhas que, se a beneficiavam, também me davam a ideia do quanto alguns
assuntos já haviam se tornado público e qual a sua repercussão.
Aposentada, continua com o espírito perspicaz e não
sossega. Qual não foi a surpresa quando postou o primeiro vídeo dizendo que
estava a caminho de Salvador. Até aí, nada estranho, muitos vão para a capital
do Axé fazer turismo, se deliciando com a acolhida e a culinária baiana. Mas
não era este o motivo da viagem. Havia se oferecido para trabalhar como
voluntária temporária no memorial da Irmã Dulce. Levou a sua competência, o
espírito determinado, vestindo, literalmente, a camiseta da instituição.
Por um período, ficou junto ao complexo hospitalar onde um mutirão de solidariedade atende população carente, de forma gratuita, pelos serviços do Sistema Único de Saúde. Na chegada, contou: “foram 2h15 conversando com pessoas e me surpreendendo. É difícil jornalista se surpreender, mas a estrutura que vi num hospital filantrópico, que se mantém só com doações e verbas do SUS, não vi em nenhum hospital que conheci, até hoje”. De surpresa em surpresa, a gaúcha conhecia uma nova e desafiadora realidade.
Confesso, não sabia deste
lado espiritualizado da Carmem e a capacidade de fazer promessa intercedendo
por amigos. E não pensem que o trabalho é apenas burocrático. Foi convidada a
fazer um tour por onde a irmã Dulce andava, pedindo doações durante o dia e, à
noite, recolhia os pobres para alimentá-los. Não é um turismo convencional, mas
a oportunidade de conhecer o outro lado daquilo que comumente se vê em Salvador
e será oferecido àqueles que também sentem a necessidade deste desafio.
A Carmem tem uma
“loucura” que só pode ser de Deus. Fotos, vídeos e textos trazem a felicidade
que fica além das palavras, com o sentimento de paz e tranquilidade que seu
rosto estampa. É mais do que coragem, é arrojo, determinação, sentimento de cumplicidade
com quem se beneficiou da sua promessa e a instituição que a acolheu. Não creio
que as Obras Sociais da Irmã Dulce já tivessem visto outra “carmem”, assim. Nós
já. Mas a gente reparte. Juntando gaúcho com baiano, tá aí uma boa “baiúcha”!
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