Hoje, eu pinto teus traços apenas nas telas das minhas memórias.
Foram muitos os momentos marcantes
Em que me deste o privilégio de
conviver.
Teu derradeiro instante foi o
coroamento de
Uma cumplicidade que me ensinaste a
valorizar.
Quando te despedias, por um
instante,
Quedei-me na intensidade do teu
balbucio.
As mãos repousando sobre teu colo
Bastavam para contar a história
Que havia marcado teu corpo.
Na proximidade do fim,
O tempo escorria por teu rosto,
Em sinais e sulcos que faziam tua
pele
Semelhante aos traços que
desenharam teu destino.
Embora ainda estivesse no foco dos
teus olhos,
O embaçado da despedida fizeram-nos
Perdido em algum lugar do passado
Em que revolvias as camadas do
tempo
Revelando eras e misturando
lembranças.
Que mistério se esconde naquilo
Que foge à compreensão humana?
O que ainda havia por aprender
Quando teu silêncio já não
precisava das palavras,
Teus olhos gastaram o instante que
ainda te restava
Como um último carinho,
Uma despedida da vida, da dor, do
cansaço...
Em meus braços,
Não sei se tiveste tempo de reviver
teu passado.
Mas, enquanto partias, eu me
apegava
A cada instante em que murmurei o
teu nome,
Senti tua falta, descobri a
intensidade da palavra amor.
Levei um longo tempo para entender,
Mas o fardo com que meus amores
foram
Se acumulando em meu coração
Deixaram os momentos que ainda me
restam
Com a questão que somente consegui
intuir:
Afinal, que mistério se oculta nas
dobras
Em que o tempo faz fronteira com a
Eternidade?
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