domingo, 20 de novembro de 2022

Irmãs que fazem a “igreja em saída”


Não lembro desde quando ouvi falar da irmã Assunta. Os ecos das suas passagens eram sentidos em paróquias e comunidades. Em dias de atendimento, acorria gente das redondezas, mas também por onde uma vizinha ouvira falar e fazia a propaganda “boca a boca”. O destaque ficava por conta do atendimento fitoterápico - preparo de medicações e pomadas, em especial - também as célebres e benéficas massagens, assim como as entrevistas/consultas que serviam de orientação da saúde do corpo e da alma.

No dia 16 de novembro, a live Partilhando (da arquidiocese de Pelotas) conversou com as irmãs quem mantém uma comunidade no bairro Areal, congregação do Imaculado Coração de Maria. Era a nossa homenagem e uma despedida, afinal, religiosas que dedicaram sua vida inteira atendendo às populações mais pobres, nas periferias, agora têm o direito de descansar. Irmã Fiorinda, com 85 anos; irmã Assunta, com 98; irmã Ida, com 90, são “meninas” a quem devemos a nossa gratidão e muito carinho.

Quem primeiro me convidou para ir até o atendimento da irmã Assunta foram meus pais, seu Manoel e dona França. Não tenho muitas lembranças de outros lugares, mas a memória bem clara de quando estavam nas dependências do Anglo, onde hoje está a Universidade Federal. Depois, já na Casa do Caminho, em frente ao Jockey Club. Ali, sim, foram muitas visitas testemunhando os passeios pela plantação, as conversas sobre como eliminar lesmas, a troca de mudas e as dicas da melhor forma de usar cada planta.

O atendimento físico é acompanhado pela preocupação espiritual, atuando de forma ecumênica que a levou a investir em hortas comunitárias (ali existe uma) nas vilas e interior, sempre no sistema de trabalho conjunto e de partilha. Quando entrevistamos o pessoal da Pastoral Carcerária, uma informação chamou a atenção: antes que pensassem em atuar no presídio local, a irmã Assunta e sua equipe já estavam presentes fazendo o atendimento do corpo na sua integralidade e sendo uma semente de esperança.

Busco seguidamente própolis para meu uso e um sabonete anticéptico para minha irmã, a Leonice. Impossível não notar que pessoas chegam à Casa do Caminho, muitas vezes, depois de não terem conseguido respostas em outros lugares. São acolhidas, num tempo diferenciado da pressa com que queremos que tudo aconteça, ouvidas e alertadas de que, se estão fazendo tratamento, continuem com ele e saibam que o que lhes será oferecido é em apoio, muitas vezes para minimizar ou eliminar os efeitos colaterais.

Atender a periferia, a saúde, idosos e doentes é o que o papa Francisco chama de “igreja em saída”. As irmãs dão testemunho, sem buscar reconhecimento público. A irmã Assunta diz que já andou por muitos lugares e sempre voltou a Pelotas. Que bom, irmã, que assim seja: Podem ir, mas voltem, a diocese tem uma dívida de gratidão e, aqui, serão sempre bem vindas. Quem trabalhou com vocês, cada um daqueles que foram atendido gostariam que não fossem, mas se é preciso ir, que voltem um dia, nem que seja para uma visita... Rezem sempre por nós. E que Deus as abençoe!

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente é um trabalho maravilhoso o dessas irmãs. Que Deus as abençoe e as mantenha pell tempo máximo possíveis nessa cinhada

Unknown disse...

Nessa caminhada.