Muito daquilo que a gente não entende
O desconhecido assusta,
Então, se prefere as sendas
rotineiras,
Que terminam em tédio,
Na mesmice, a repetição que anula a
vida.
É triste quando a memória faz esquecer
Daquilo que já nomeamos...
Sabes aquela música que eu não sei
o que diz,
Numa língua que eu não conheço,
Porém acompanho a melodia, cantarolando,
E me faz cerrar os olhos em doces
devaneios?
Sabes aquela necessidade de
procurar por um nome,
Especialmente quando é alguém
diferente,
Que pode ser um autista, um down,
um deficiente, um idoso,
Quando se esquece que também tem a
bênção de ter um nome
E se chama Luiza, João, Margarete
ou André?
Sabes aquela criança que apenas
consegue se manter em pé,
Desengonçada, e cria o ritmo que
harmoniza
O riso com a surpresa, a gratidão
com o carinho,
E ginga como se o compasso da vida
lhe regesse os passos?
Sabes aquele velhinho que ao sorrir
Traça no rosto todas as lembranças
da sua história,
Página por página, conta os casos
que
Não cabem apenas na realidade,
Mas precisam da imaginação?
Pessoas que gostariam de serem
chamadas pelo próprio nome.
Por favor, não espere que eu tenha
a palavra certa,
A maior parte do que digo emerge
Da profundidade dos meus devaneios...
É onde tenho a sensação de alcançar
A magia que me sintoniza com o
Universo.
Talvez eu já não lembre de tudo
O que compartilhei contigo.
Se eu não
sou aquele que imaginou,
Apenas, segure
a minha mão,
Me dê um
olhar de carinho,
Me abrace
forte como numa despedida.
Lembre-se
que um dia eu já fiz o mesmo contigo.
Me chame
pelo meu nome.
Me ajude,
apenas e tão somente,
A
envelhecer com dignidade e a ter o direito de ser feliz...
Nenhum comentário:
Postar um comentário