As janelas da memória.
É a possibilidade de revisitar o passado.
Muitas vezes, pode estar adormecido,
Mas jamais esquecido.
As brumas que toldam a visão
Abrem uma brecha que
Permite uma nesga de luz
Sobre o caminho das muitas saudades.
Revisitar outros tempos
Acarinha a própria alma.
As memórias que surgem diante de cada um,
Mesmo que não se possa ali permanecer,
Faz o corpo libertar o coração,
Peregrine por lugares por onde andaste,
Desejando debruçar-se
Sobre o peitoral da janela e contemplar
A rua onde transita a história de cada um.
Atenta o olhar e todos os teus sentimentos.
Sentirás o desabrochar das flores, na primavera;
Teus olhos embaçados revendo
As brincadeiras de crianças na rua, no verão;
Acompanhar com tristeza
As folhas bailando ao sabor da brisa, no outono;
E te recolher ao silêncio
Ao te arrepiares com o uivo do vento,
Que fustiga no inverno...
Uma janela aberta para o passado
Testemunhou tua partida.
Pela porta entreaberta
Ficaram as possibilidades e os anseios.
Ali, cravejadas no marco de madeira,
Ficaram marcadas as muitas andanças.
Assim como todas as vezes em que
O regresso ficou para depois.
De algum lugar, com o signo da saudade,
O desejo de sentar naquele mesmo degrau
E contemplar o que, então, eram apenas expectativas.
Ainda procuro pela casa algum resquício
Imaginando ouvir a tua voz;
Quando chegavas em casa, saber que eram
Teus passos cadenciados na escada;
Nas rodas, com amigos ou a família,
A sonoridade do riso ecoando ao longe.
Já não importa para onde se abrem as janelas...
Desgastadas, rangem quando aparece uma fresta.
O tempo… brincando.
O que se viveu escorre pelos dedos
Com a lágrima que sela a finitude
E o nó que fica trancado na garganta!
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