sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Ergue os olhos, Francisco!

Ergue os olhos, Francisco.

A multidão que te acompanha, 

Por onde peregrinas, 

Tem no olhar a carência das

Ovelhas que já não encontram pastores.

Pelas ruas e estradas, esperando por ti,

Acena para chamar a atenção.

Não precisas erguer-te de tua cadeira de rodas,

Sequer abandonar o carro onde viajas.


Contenta-se em que

Sorrias, acenes, abençoes.

Sem importar a raça, a crença ou a ideologia,

Está sedenta que seja

Aspergida pela graça de Deus.

Sente-se cansada, judiada e entristecida.

Quando não conseguires mais falar,

Ou se tua voz ficar embargada,

Ainda assim, 

Mesmo que seja apenas por um olhar, 

Não desiste de quem te foi confiado…


Um mar de gente, sedento,

Vai direcionar teu olhar para os Céus.

Não espera que apresente espetáculo. 

Por onde passas, 

Do meio de quem vem de todos os povos,

Há um rastilho de tristezas

Com as quais os sobrecarregam. 

No entanto, sentem em ti 

A esperança que ainda pode ser cultivada.


Envolvida pelo teu carinho

E por um coração aberto que 

Não faz distinção de quem acolhe.

Os iluminados para quem falas

Não te prestam atenção, 

Mais preocupados com 

Suas vaidades e anseios de poder.

Os mais simples, os andarilhos da vida,

Aqueles que te abraçam de longe,

Bebem dos teus lábios.


Certamente,

Não entendem tudo o que dizes.

Mas isto não importa. 

Para eles, és um homem bom, 

Um santo homem!

Que a estrada da paz judiou de todas as formas,

Para quem até teus pares viraram as costas.

Mas que insiste em ainda 

Lhes alcançar alento, a mão estendida, 

Na mais pura e terna expressão de zelo e amizade…


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