domingo, 6 de outubro de 2024

O brilho que amanhece num olhar

Um olhar perdido, 

Muitas vezes sem nem mesmo saber o motivo,

Sempre tem o seu brilho esmaecido.

Cansado do muito que viu,

Pode estar energizado como um substantivo,

Carregado das possibilidades de um verbo,

Ou conter a doçura de um adjetivo,

Que, mesmo assim, está fenecendo…

 

O brilho que transparece num olhar

Carrega uma história:

A confiança dos primeiros anos de vida,

As alegrias da infância,

O encantamento da juventude,

A busca pelas certezas na idade adulta,

E a serenidade do tempo que avança...

 

Muitas vezes,

Quer apenas fechá-los por um instante.

O tempo suficiente para serenar seu espírito,

Reenergizar, para aceitar

Que já não alcança tudo aquilo que desejou.

O momento da vida em que se precisa

Selecionar quem ainda é capaz de 

Espantar as cinzas que se acumularam,

Emergindo o brilho que já parecia extinto.

 

Não nega um olhar a quem parece ter desistido.

É como assoprar a fagulha que cintila

Em meio às lenhas.

No crepitar de um graveto que bruxuleia,

Tomando forma, intensificando-se,

Até perceberes que te envolve,

Demorada, carinhosa, como se fosse um abraço…

 

O calor que amanhece num olhar

Carrega possibilidades e esperanças.

Perder o brilho é a dor lancinante de 

Quem viveu a descrença e

Não sente o gosto e o sentido pela vida.

A aurora que não se importa com 

O tempo passando, 

Pois, simplesmente, 

Precisa dos primeiros raios de Sol

Para deixar as sombras para trás e 

Caminhar no rumo da sua própria luz…


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