sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Percorrendo as brumas da madrugada

Quando o sono me esquece ou demora,

Faço vigília, peregrinando pela noite, 

Perdendo-me no silêncio da madrugada.

As ruas vazias,

Os becos com seus recantos escondidos,

O horizonte toldado pelo breu.

Não sei aonde os passos me levam.  

Também, não importa, 

Vago por memórias e saudades. 


Vultos perdidos perambulam

Por sob as luminárias que jogam luz

Sobre pequenos espaços. 

Um bêbado trança as pernas,

Na segurança próxima de uma parede;

O casal surge do nada trocando 

sorrisos misteriosos e cumplicidade;

Há quem apresse o passo,

Querendo chegar ao aconchego do lar.


A madrugada é a catedral 

Que salpica o chão de estrelas. 

Cintilando, recobre o átrio 

Em que as preces são mais lentas.

Serenas, na certeza de que

O homem já não têm pressa

E Deus sorri abrindo caminhos:

As portas para todas as incertezas.


A noite adensa quando avança.

As horas em que se esquecem os limites,

Apenas no aqui e agora, 

Na justeza do tempo que 

Carece de significados profundos.

O momento presente em que

A felicidade precisa de uma oportunidade

Para ser compreendida.  


A madrugada é a possibilidade dos

Amantes, dos desesperançados,  

Daqueles que agonizam na solidão. 

Resume a duração da existência,

Possibilitando momentos de silêncio,

No limite da sanidade.

A perspectiva que abala convicções,

Acenando com a bruma do que vara

A realidade para estar próximo do sonho…


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