Quando o sono me esquece ou demora,
Faço vigília, peregrinando pela noite,
Perdendo-me no silêncio da madrugada.
As ruas vazias,
Os becos com seus recantos escondidos,
O horizonte toldado pelo breu.
Não sei aonde os passos me levam.
Também, não importa,
Vago por memórias e saudades.
Por sob as luminárias que jogam luz
Sobre pequenos espaços.
Um bêbado trança as pernas,
Na segurança próxima de uma parede;
O casal surge do nada trocando
sorrisos misteriosos e cumplicidade;
Há quem apresse o passo,
Querendo chegar ao aconchego do lar.
A madrugada é a catedral
Que salpica o chão de estrelas.
Cintilando, recobre o átrio
Em que as preces são mais lentas.
Serenas, na certeza de que
O homem já não têm pressa
E Deus sorri abrindo caminhos:
As portas para todas as incertezas.
A noite adensa quando avança.
As horas em que se esquecem os limites,
Apenas no aqui e agora,
Na justeza do tempo que
Carece de significados profundos.
O momento presente em que
A felicidade precisa de uma oportunidade
Para ser compreendida.
A madrugada é a possibilidade dos
Amantes, dos desesperançados,
Daqueles que agonizam na solidão.
Resume a duração da existência,
Possibilitando momentos de silêncio,
No limite da sanidade.
A perspectiva que abala convicções,
Acenando com a bruma do que vara
A realidade para estar próximo do sonho…
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