Volta antes que o sol se ponha.
Vou estar sentado na areia,
Como nas muitas vezes
Em que acalentei tuas lembranças.
Se notares que estou
Perdido em pensamentos,
Aconchega-te ao meu lado,
Me envolve no teu abraço
E debruça tua cabeça em meu ombro.
A espera do que sempre
Foi sedução no entardecer.
No instante em que
O sol faz a derradeira curva nos céus.
Mesmo que não digas nada,
Ainda ouço o murmúrio da tua voz.
Misturando-se com
A delicadeza das ondas,
Que rastejam aos nossos pés,
Sussurrando juras e beijando a areia.
Somos testemunhas
Dos derradeiros raios que agonizam,
Esmaecendo o horizonte,
Num misto de melancolia e admiração.
No silêncio aspergido pelo derradeiro
Grasnar das gaivotas
Que mergulham em busca da vida.
Ao longo da praia,
Fiéis seguidores reverenciam
O ritual que se repete todos os dias.
E, mesmo assim, faz-se novo,
Na dança das luzes, das cores
E no contraste com o breu da noite,
Que emoldura o cenário.
Sentirás, como em prece,
O murmúrio do vento,
Harmonizando as mentes e
Energizando o Universo.
Quando a noite definha
A última linha entre o céu e o mar,
Vence o tempo da espera:
Um novo entardecer é possível.
A vida, cumprindo ciclos:
Amena, na claridade do dia,
Sentida e dolorida,
Ao ser saudade e melancolia,
Na calada da noite…
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