terça-feira, 30 de abril de 2024

Meio urbano: uma paisagem desértica 2

Em muitas ocasiões, acabei sendo criticado pela esquerda, direita e aqueles sem qualquer identidade ideológica, por exercer um direito básico: como cidadão, falar e criticar o que acontece na minha cidade, no meu município. Reconheço que existem pessoas que não concordam comigo. É um direito que preciso respeitar. Porém, que fique claro: mesmo que o patrulhamento ideológico tenha buscado identificar-me com algum grupo, atualmente, não estou filiado a nenhum partido (e não pretendo fazê-lo).

Conversei muitas vezes com a arquiteta Miriam que uma casa, para mim, necessitava ser agradável e funcional, não precisando se preocupar com a estética da fotografia de revistas de interiores. As cidades (e os municípios), podem ser olhadas da mesma forma. Repito: creio que está na hora de novas lideranças políticas, nem que seja para se experimentar o menos pior. O discurso das explicações repetidas mostra que, na ausência de recursos, é que se exercita ainda mais a criatividade (e a competência).

Respeito até aqueles que tem seus políticos de estimação. O dito é antigo, mas vale: "gostos, amores e cores não se discute..." e complementa a minha irmã Leonice: "se lamenta". Fiquei triste em saber que há lugares, em bairros pobres, onde moradores compraram canos para sanar esgotos e ficam esperando a promessa de aterro para completar o serviço. Sem ser cumprida! Mais a precariedade das ruas sem calçamento e valetas a céu aberto, com a possibilidade de criadouros de mosquitos, até da dengue.

Suposta indignação, apenas mostra políticos e agregados que não percorrem as ruas e os lugares públicos onde deveriam se prestar serviços à população. O município é o lugar onde as autoridades, em especial prefeito (e seus assessores) e vereadores deveriam sentir diretamente as cobranças da população, o “bafo na nuca”, tão condizente com o espírito republicano e democrático. Infelizmente como lembrou o Luiz Carlos Vaz, citando o lendário Deogar Soares, "nos abandonamos" (e nos abandonaram).

A indiferença política da população não é à toa. Sem ver na prática serem cumpridos os discursos dos meios de comunicação e redes sociais caíram no marasmo de que “tanto faz” e “tudo é farinha do mesmo saco”. A esperança está em fatos isolados como da postagem em redes sociais, que sintetiza tudo isto: em um painel na entrada da casa a placa diz: "senhor vereador (e pode-se dizer o mesmo de qualquer outro eleito), se não teve tempo para nos visitar nos últimos quatro anos, não precisa vir pedir o meu voto".

Por outro lado, os formadores de opinião – igrejas, sindicatos, associações – também naufragaram na apatia. O lugar que era espaço de conscientização crítica transformou-se em “prestador de serviços”. A polarização fez com que se perdesse espaços de encontro de quem pensa diferente, mas consegue conviver. Em que o princípio básico seja o da Justiça. Onde liberdade e democracia não são equivalentes, mas são complementares. A justa medida para que se respeitar o cidadão, aquele que paga uma das maiores cargas tributárias do Mundo e ainda espera contrapartida de seus políticos e administradores...

Nenhum comentário: