sexta-feira, 5 de abril de 2024

No encanto em que voam as borboletas

Quedei-me em silêncio

Quando doeu mais forte a tua ausência.

Machucava saber que não te veria mais.

Não importava

Em que fase da tua vida nos encontramos

Ou o momento em que estiveste ao meu lado.

As lembranças se acumulam

Com o sentimento de que

Se transformam num eterno consolo...

 

Dolorosamente lindo

Poder ainda encontrar nos olhos de quem parte

O instante em que desvela o rumo do Infinito.

Quando teus lábios

Depreenderam o derradeiro sorriso,

Que já não tinhas na velhice,

E senti que tuas mãos não perdiam as forças,

Faziam o derradeiro repouso,

Porque já não precisavam das minhas...

 

No adeus, se respingam palavras,

Enquanto as lágrimas destilam emoções.

Só então se entende a razão pela qual

As estações preparam

O caminho da mãe Natureza.

 

Ensimesmado, embriagado pelo silêncio,

Descortina-se

O encanto em que voam as borboletas,

Fazendo a migração das almas,

Ao se liberarem da condição humana

E retornarem ao pouso por sobre as flores.

 

No bailar do ato de quem crê,

A dança dos sentimentos faz a coreografia

Em que cada movimento

Carrega a nota solitária

Que faz toda uma música!

 

Não há silêncio na Eternidade.

O som que atrai e inebria tem

A sonoridade das vozes que se amou.

Mais do que tocar cada parte de um corpo

Alcançam e acariciam a alma.

Borboletear

É reencontrar a alvura de um espírito,

Por sobre todos

Os lugares em que almas geminaram...

 

O tempo da espera, em que se retardam sonhos,

Quando o horizonte torna realidade

A delicadeza do pequeno ser

Que, num suave voo,

Depois de beijar cada flor pelo caminho,

Pousa e repousa

Na palma da mão de quem Lhe alcançou a Eternidade...  

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