O mês de abril trouxe uma notícia que até pode ser boa para aposentados, pensionistas e outros beneficiários do sistema previdenciário: a antecipação do décimo terceiro salário em duas parcelas, sendo que a primeira será paga com os vencimentos de abril (final do mês e início de maio) e a segunda com o benefício de maio (também ao cabo daquele mês e início de junho). A justificativa ainda é a mesma: reforçar o caixa, especialmente das famílias com mais necessidades, desde o auge da pandemia e seus transtornos.
Cada vez mais seguido, ouço que escolas estão incluindo
nos seus conteúdos a questão do planejamento financeiro pessoal e familiar.
Ótimo, que bom que se aprenda desde criança a gerenciar as parcas moedas que,
muitas vezes, vão para um cofrinho com o intuito de alguma compra futura. O
problema, na maior parte dos grupos de convívio, não está em “aprender” a lidar
com a situação, mas em ter o quê economizar. Deveria ajudar uma criança a
entender os mecanismos de compra e de poupança. Mas como?
O salário mínimo não atende a todas as necessidades,
corroído por uma inflação inclemente que aparece no mercado, na feira, na
farmácia, mas se “esconde” quando se fazem os levantamentos, especialmente dos
governos. Recentemente, as donas de casa tiveram que colocar seus orçamentos em
regime. Eliminaram produtos da cesta básica, pela alta dos preços, enquanto as autoridades
navegavam por seus números encantados, em mares de rosa. A realidade continua
sendo mais malévola do que a ficção...
Receber agora o décimo terceiro é a teoria do cobertura
curto. Entrando na conta, deixa a tentação de se gastar - o que não precisa ser
esbanjar - o pagamento de dívidas bancárias e contas comerciais, por exemplo. Somente
que, em dezembro, aparecem gastos extras com IPTU, IPVA, taxas e material
escolar do próximo ano... O que parece um benefício se transforma numa baita
dor de cabeça quando não é possível fazer uma reserva financeira. Atendidos os
ditames políticos, volta-se a correr atrás dos prejuízos.
Existem arapucas caçando incautos no meio do
caminho. Uma delas é o “empréstimo consignado” para aposentados. Um imprevisto
faz com que estes anúncios soem como música: crédito com juros menores, que cai
diretamente na conta do freguês, e também dali é descontado, chova ou faça sol.
O brasileiro faz as contas prevendo que seja uma parcela pequena, que cabe nos
seus vencimentos, e vai dando um jeitinho. Esquece que isto é um extra, além de
comer, vestir, morar, cuidar da saúde, educação, etc., etc., etc.
Negar este pagamento já repetido pode ter reação
negativa em ano eleitoral, com o governo em baixa nas pesquisas. Enquanto se vê
os poderes judiciário e legislativo acumularem ganhos de supostos benefícios
não pagos, pouco ou nada se fala do que se cogitou como um décimo quarto
salário para, aí, sim, reforçar os ganhos dos mais idosos. O Brasil não é um
país pobre (que bom!), porém, infelizmente, grande parte dos brasileiros o é, o
que não deixa de ser muito triste, especialmente quando se fala em aposentados
que, ainda hoje, em muitos casos, são os verdadeiros arrimos de família...
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