Como se não bastassem os ataques constantes da direita dentro da Igreja Católica, agora o papa Francisco começa a ser cobrado pelo outro lado, a esquerda. Para imagem pública, o Vaticano não admite que existam tais alas, mas, na prática, o que se vê é um jogo político, de poder e prestígio, que encanta muitos prelados, especialmente quando se deslumbram com os holofotes da mídia. A direita encastelada em seus privilégios, enquanto a esquerda queria Francisco como o grande revolucionário dos nossos tempos.
Quem conhece a história sabe que isto não acontece do dia para a noite. Dez anos é pouco e, repito, serão necessários dois ou três “franciscos” para depurar e redirecioná-la. Embora se diga “universal” diminuiu o número de quem, hoje, se reconhece com alguma prática religiosa. Menos ainda, católica. Não é culpa de Francisco, mas dos pecados e omissões recentes da instituição. Não foram as pessoas que se afastaram. Foram afastadas por “religiosos” que se julgam e agem como porteiros dos Céus.
O caso, agora, ao pedir a padres e bispos que usem
de misericórdia e abençoem casais do mesmo sexo. Ou quando solicitou aos bispos
que ousassem nas propostas (Sínodo da Amazônia e Assembleia, em Roma), não tendo
prometido que seriam realizadas para já. Mas que o fato de estarem à mesa
motiva outros a que despertem para a possibilidade da “igreja em saída” (que
virou ”igreja em espera”). Pedido público desde as primeiras pregações e que não
cansa de repetir na busca da conversão dos seus públicos internos.
O que, infelizmente, na prática, pouco ou nada se
viu por parte de bispos, arcebispos, cardeais e, especialmente, padres e
religiosos. Ali, onde a Igreja já foi a artéria que, partindo do coração (o
lugar da espiritualidade), irrigou com o sangue da esperança a capilaridade
social. “Sujar” as mãos na realidade, em especial pelos leigos. Este sangue
carregado das necessidades do povo que precisa voltar ao lugar privilegiado de
encontro e de bênçãos tão necessárias para reverter a letargia que se vive hoje.
Francisco é condenado se toma medidas mais enérgicas
e da mesma forma quando tem um pouco mais de paciência com alguns “pecadores”,
inclusive dos seus quadros. O que está acontecendo quando corta privilégios e
mordomias é o mesmo acinte que nossos políticos e administradores públicos usam
como desculpas esfarrapadas para justificar suas benesses. Dinheiro usado para suntuosidade
de paramentos, por exemplo, e outras representações de vaidades é passar longe
da pobreza da manjedoura de Jesus Cristo.
Senhor,
dá paciência a Francisco! Não vou discutir a respeito. Sou 100% Francisco.
Levei uma vida inteira para ver na prática o que o Jesus fez e Francisco
também: usar de misericórdia, a expressão máxima da caridade. Me possibilita
testemunhar coisas na Igreja que já não tinha esperança de ver. Até quando
perde a paciência com alguns, vê-se no semblante que é o pastor, cansado, com a
saúde debilitada, no entanto, o mesmo olhar de carinho... Sem abrir mão de compartilhar
as dores da humanidade!
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