domingo, 10 de dezembro de 2023

A vida sempre acaba em romance...

Acabei de assistir na semana passada mais uma das novelinhas coreanas. Corrijo: mais uma, não, uma daquelas que eu classifico como das melhores, ao lado da clássica Pousando no amor e a adorável Desgraça ao seu dispor. Falo de Romance is a bonus book. O protagonista é Cha Eun-ho, autor de sucesso e editor sênior de uma editora de livros. O romance tem a determinada Kang Dan-i, que o salvou de um acidente, na infância, e, agora, precisa de uma mãozinha e de um coração para sobreviver.

Kang Dan-i é mãe e foi executiva de publicidade de sucesso. Cha Eun Ho a ajudou a se recuperar e eles se mantém amigos íntimos. Quando Kang Dan-i passa por mudanças de vida – desempregada, divorciada, quase quarenta anos e a filha morando fora do país - tenta entrar novamente no mercado profissional. É quando suas vidas se tornam ainda mais conectadas. Enfrentam desafios pessoais e profissionais à medida que começam a perceber seus verdadeiros sentimentos um pelo outro. Sabem bem onde isto vai acabar...


Já bastaria uma análise sobre o mundo dos livros na Coréia do Sul para ter uma discussão rica a respeito da questão editorial. Lugar onde novas gerações tentam aprender e dar a sua contribuição para um mercado em dificuldades. Um tempo em que diminuem os leitores e, muitas vezes, é preciso selecionar até entre aquilo que já é bom, o que se publicar. Interessante as conversas sobre poesia e serviços, que tem poucos leitores no momento, mas são daqueles livros que a validade persiste por gerações.

Cha Eun-ho, como um dos fundadores da empresa, e seu chefe, escondem um segredo: o desaparecimento de um escritor famoso que, misteriosamente, escafedeu-se. Solteiro e, ao que se sabe, sem deixar filhos. Declarado publicamente aposentado, cedeu seus direitos autorais à editora. No mundo das fofocas, desconfia-se que o sumiço foi um tipo de sequestro. Até surgir um filho, misterioso e bonito, fruto de uma relação passageira, que deseja encontrar o pai para que este possa ajudar a mãe doente.

A verdade é que Eun-ho acompanha a sua decadência, fruto do Alzheimer. A pedido do escritor, que não quer ser lembrado pelo fardo da doença, cuida dele em lugar afastado dos demais. A partir dali, ganha o cuidador que esteve ao lado até o fim. O encontramos ao sofrer algum tipo de acidente e está na cama, ferido e inconsciente. Dói na alma ver a admiração e o carinho com que o filho de coração é capaz de tratar do seu ídolo de toda uma vida. As feridas cuidadas fogem do corpo do idoso para sangrar no peito do rapaz.

A vida sempre acaba em romance... Prepare-se para rir, chorar, briga, querer despedaçar vilões, acolher e dar carinho aos protagonistas. Nas reminiscências, perambular por um parque, com um idoso desconfiado, esquecido do que viveu, e do garoto que não o deixa sozinho e sequer desiste de sorrir. A doença degrada o corpo e a mente e, no entanto, deixa intacta a alma. Cha Eun-ho carrega, sozinho, o fardo que muitos abandonam pelo caminho. Com o amigo, escritor e pai de coração andou pelo universo de sonhos dos livros. Com ele mergulhou no melhor... e no pior da existência!

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