Dez anos atrás quando me submeti a uma cirurgia de próstata com o doutor Vanderlei Real, apoiado pelo cardiologista Michel Halal, não tinha noção do que iria acontecer. O estigma de que as células cancerígenas não estivessem restritas (sempre se acha que os médicos contam bem menos do que sabem) e iniciava uma via-crúcis, como outras que se esteve junto e acabaram em morte. Passei a acompanhar tudo o que era possível a respeito. Testemunhei que, numa década, a medicina fez significativos avanços.
Era o ocaso das intervenções invasivas, dando lugar ao laser e outras modalidades. O mesmo aconteceu com outros tipos de câncer. Embora ainda se alimente preconceitos, superou-se uma fase, que veio até o final do século passado, de que o diagnóstico da doença era o início do desmanche do organismo. Exagerando, como se o corpo estivesse apodrecendo. Um calvário percorrido por amigos e familiares, num tempo sem volta em que a esperança naufragava com a debilidade das pessoas que sempre se amou...
Aposentado, tive o apoio dos médicos, família e
amigos. O mais importante: poderia ter muita vida pela frente, redirecionando
meu rumo, inclusive no consumo de álcool. Fui à cata dos doutores “Google” e
“YouTube” em busca de subsídios que me auxiliassem a refletir e possibilitar
mais clareza para outros, como formador de opinião. “Outubro Rosa” (para as
mulheres), “Novembro Azul” (para os homens) e, agora, o “Dezembro Laranja”,
prevenindo o câncer de pele, que é o tumor de maior incidência no Brasil.
Maravilhosos trabalhos das áreas da
saúde, assim como de voluntários, em busca de conscientização. Desde 2014, o
Dezembro Laranja é a ação que faz parte da Campanha Nacional de Prevenção do
Câncer de Pele. Um trabalho que já havia iniciado em 1999, com um mutirão anual
de atendimento gratuito que beneficiou mais de 600 mil pessoas. Com mais de 90%
de chance de cura, quando descoberto no início da doença. Num país
predominantemente tropical, uma grande preocupação sempre foi a exposição ao
Sol.
E não importa a cor da pele, mas cuidar
para os principais sintomas: surgimento de manchas que
coçam, descamam ou sangram. Sinais ou pintas que mudam de tamanho,
forma ou cor. Ou ainda feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
Assim que se percebe qualquer destes sintomas ou sinais, é preciso ir em busca da
unidade de Atenção Primária à Saúde (APS) mais próxima. Sem cair no outro
extremo e achar que não se deve tomar Sol, pois a sua falta também afeta a
saúde e o humor das pessoas.
Prevenção se faz com educação. Publicar informações,
apenas, não significa que as pessoas entendam o que acontece. É necessário
falar a respeito em casa, na escola, no trabalho, nos grupos de convívio... Não
será surpresa se você disser algo a respeito e uma pessoa próxima reconhecer:
“não sabia!” Conscientizar depende muito de quem fala. Precisa que, por detrás
do discurso, esteja um exemplo. No caso, de alguém capaz sair da sua zona de
conforto para vencer o estigma da doença e valorizar a própria vida!
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