"As palavras se espalham ao vento..."
É assim que se diz?
Elas se perdem ao passar pelos
lábios,
Ou quando se tenta o seu registro:
Fazer livros,
Escrever diários,
Anotações que dormitam
Em meio a cadernos e fundos de gavetas.
Eu, escrevo nomes e palavras na areia.
Me encanto quando posso percorrer
A praia da lagoa
E brincar onde as árvores vêm
Beber por suas raízes.
Depois, me defronto com o mar.
Ali já não é apenas deixar um
rascunho,
Mas uma página inteira à espera de
uma poesia.
Embalado pelo sussurro da lagoa
Ou pelo clamor das marés,
Usei mãos,
Depois alisei com os pés,
Ou, ainda, quase perdendo o
equilíbrio,
Dancei sobre uma perna só e
Fiz com que todo o meu
O corpo fosse aterrado pela luz do
mistério...
Com uma vara ou um graveto,
Desenhei formas,
Moldei letras com a pretensão de
palavras
E, quem sabe, de sentidos...
Na ilusão de que, ali, no que se
torna fugaz,
Passageiro em busca de um tempo,
Teria a Eternidade
Durando apenas aquele momento.
Muitas vezes,
Pensando estar sem rumo,
Me vi levado a um lugar de
silêncio.
Onde a brisa da tarde
Acolhe sem a pretensão de
Perpetuar qualquer sentimento,
No que apenas o coração quer
entender,
Sem medo e sem destino...
Como não perdoar
As águas que acariciam a praia
E aos poucos
Se apossam de cada linha que,
Antes de pousar sobre a areia,
Esperou guardada no peito de um sonhador,
Sedento de deixar marcas
No limiar entre as águas e as dunas.
No correr da criança,
No olhar que embala namorados,
No arrastar meditativo do idoso.
Fazem poemas que escorrem pela
areia.
A vida com seus desenhos,
Rascunhando seus próprios escritos,
Dando sentido às esperas,
Justificando sonhos e devaneios...
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