No início da década de 90, fui convidado pelo professor Cilon Rodrigues para lecionar disciplinas de redação em jornalismo e programação gráfica na Escola de Comunicação da Universidade Católica. Havia um motivo: montara uma empresa de informática para produção textual e diagramação, especialmente em jornais, com a segunda impressora à laser que chegou a Pelotas. Não tenho certeza, mas creio que os programas eram “página certa” (diagramação) e “carta certa” (edição de texto). Seguido do pagemaker.
Fiz palestras para estudantes de jornalismo e,
consequentemente, estava “na hora certa, no lugar certo”. Montei o primeiro
laboratório de informática da Escola. Parte dos alunos não tinha noção e se
propiciavam histórias bizarras. Os editores de texto (que substituíram as máquinas
de escrever, nos computadores) eram primários e se prestavam para que, grafando
a palavra errada, na dúvida, reconhecessem como certa e anexassem. O próximo a
errar não seria corrigido. Conseguiam emburrecer os computadores...
No entanto, era um grande avanço. Os alunos
trabalhavam comigo nos três últimos semestres. Muitos já conseguindo lugar no
mercado. A informática aplicada à produção e diagramação de jornais e outras
publicações “facilitou” a vida de quem, muitas vezes, tem pouco tempo entre
recolher as informações e fazer o texto que estará impresso, nas telas de
televisão, programas de rádio ou espaços da internet. Hoje, em especial, quando
profissionais mais atilados lidam com blocos de notas no celular e no tablet.
Quando conversei com uma amiga, a Delmira, me disse
que ia procurar saber mais da Inteligência Artificial. Fiz uma comparação
tosca: a IA é uma ferramenta que, primeiro, depende da alimentação do homem (e
já se discute que se vive um tempo de “preguiça intelectual”, consequentemente,
vai-se ter dificuldade em armazenar dados confiáveis). Supervisionada, consegue
avançar o pensamento humano, exatamente por ser capaz de trabalhar dados
objetivos, em áreas perigosas onde se envolve emoção e atenção.
Os exemplos são infindos, na área médica, produção
intelectual e industrial, entre outros. Imaginem um profissional que se
distraia num caso de vida ou morte. Vai ser ao contrário: a IA alerta para as
possibilidades, inclusive os perigos. Propiciam-se interações lidando com mais
coisas do que se imagina: recentemente, conhecida contou que consulta uma IA
para revisar conteúdos do seu trabalho e recebeu um elogio. Morando e vivendo
sozinha disse que se sentiu ridícula em quase ir às lágrimas...
Um exemplo batido: quem tem facas na cozinha corta pão,
carne, legumes... Mas, num surto, pode matar. A culpa é da faca? Não, mas de
quem a usou inadequadamente. A IA vai ser mal utilizada? Vai, como tudo o que o
homem cria. Fica a sensação de que o problema não é a IA em si, mas da educação
de quem a utiliza. Reforço o que finalizei o texto anterior: demonizar é
desperdiçar um tempo precioso. No atual estágio, pensar ganhos sociais é bom
parâmetro. Possibilita avanços que, hoje, parecem inimagináveis...
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