Há um tempo em que a memória
Brinca com aquilo que pensamos
Serem nossas recordações.
É um bom motivo para que
Guardes das minhas lembranças
As vezes em que me fiz de bobo para
ganhar teu riso,
Tua atenção e teu olhar.
Nas brincadeiras, nas conversas e nos
silêncios,
É sempre uma espera que tem jeito
de eternidade.
O tempo passa por uma porta entreaberta.
Através dela,
Se ouve a sonoridade do riso de uma
criança;
Por uma janela bisbilhoteira
Chegam os sussurros cúmplices dos
amantes;
Alguém murmura uma prece,
Que deveria chegar aos Céus,
Mas se perde pelos labirintos das
Palavras desprezadas
E na cadência dos soluços...
Sentimentos que vagam nas
reminiscências.
Quando perceberes que estou perdido,
Queria te pedir que voltes,
Enquanto ainda lembro de ti.
Tenho medo do tempo que flui e
Com ele se perdem na distância as
vozes que amei,
Esmaecem os rostos que ficaram
marcados
Como parte do meu destino.
Sabes,
Ainda rezo por aqueles que foram
Meus pequenos/grandes milagres:
Não quero esquecer
O calor da tua mão desenhando meu
corpo,
No afago silencioso e doce da
intimidade;
Todas as vezes em que busquei o aconchego
do teu olhar,
Num sorriso que tornava as palavras
desnecessárias;
E te enxergar à distância, certo de
que logo
Estaria me perdendo na ternura dos
teus braços.
Olhando para o jeito como planejavas
a caminhada,
Aprendi que tão importante quanto
Ser acolhido na chegada é
Ter coragem de abrir os braços na
partida.
E, nos momentos de solidão,
Mesmo que eu não esteja ao teu
lado,
Vou sempre rezar para que nunca precises
te sentir solitário.
O sol que brinca em meio às folhas
Mais altas das árvores,
Às vezes acarinha e provoca.
Fecho os olhos,
Guardando energias para quando
Sentir sua falta na minha pele...
Há
um tempo da distância,
Quando
as saudades ficam mais próximas,
No
frio da tardinha que se torna inevitável.
Enquanto
ainda resta algum calor do dia,
Atravesso
a faixa dos sonhos,
Sentindo
que a bruma do tempo
Tolda
meus olhos.
O
lugar onde as memórias são ecos
De
histórias e sensações que se perdem:
Envelhecer
é
O
voo tardio das lembranças...
Se
não te reconhecer e nos reencontrarmos,
Por
favor, ao menos, me abraça um pouquinho mais...
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