domingo, 19 de novembro de 2023

A imaginação suspira por liberdade...

Não tenho medo da imaginação. Ela é parceira em muitos momentos em que se precisa compensar as fragilidades da vida. Desde a infância, quando nos sentimos sozinhos e encontramos um amigo imaginário; os muitos, sofridos e intermináveis romances mais sonhados do que realizados; o tempo em que as memórias se fragilizam e nos recolhemos ao lugar onde se reencontra e convive com quem já partiu. Realidade? Alienação? Escape? Sublimação? Ou apenas a forma de não perder a sanidade mental e sobreviver?

Tem quem trace uma linha imaginária de salvação para superar desafios da realidade que se torna crua e difícil. Andar em linha reta, cuidando para não errar o trilho. O problema é quando aparece um outro em sentido contrário. É preciso alternativas para continuar, ultrapassar o que se pensa ser obstáculo. Num primeiro momento, pode ser um passo de dança e um adeus. Repetido, o instante em que nos damos conta de que também se pode estabelecer parceria, dar as mãos e seguir na mesma direção...


Não gosto de filmes e séries violentas ou de terror. Me agrada ação e romance, com uma pitada de humor. Então, a “indústria” dos doramas (Japão) e k-dramas (Coréia) tem sido o lugar onde me refugio encontrando mocinhos e mocinhas com papeis bem definidos, também com os maus. “Mas não é assim na vida real!” E como é na vida real? Porque não se pode esperar que um parceiro ou parceira mais fracos que estejam na iminência de serem agredidos encontrem uma mão defensora que propicie um suspiro de alívio?

A alienação de um olhar distante que escapa pela janela. Quando as conversas nos lugares de sempre começam a entrar em situação de espera, desliga-se o som ambiente e o espírito busca percorrer ruas, parques, as águas e os céus... Enquanto os sons locais se misturam, há sempre um sorriso perdido que emudece o ouvido e esquece do entorno e das circunstâncias. Abre janelas por sobre um corpo que dispensa a materialidade para se sentir etéreo, sôfrego e capaz de buscar apenas um instante de felicidade.

O vasto e encantador mundo dos sonhos. Aqueles que são lembrados e os que se sente o gostinho de que se viveu algo marcante em nossas vidas, mas que não se consegue recordar. A imaginação percorrendo o inconsciente e de lá escavando e trazendo à tona doces lembranças, sensações reprimidas, terrores não revelados... O breu da noite que ultrapassado no alvorecer presentifica o respiro da vida e o que apenas ficou na expectativa. Despertar e recolher as asas de seres que anseiam por um outro mundo...

O voo da imaginação é o suspiro da liberdade. Não se consegue mentir para si mesmo, durante todo o tempo. Se retarda o reconhecimento da verdade, num tempo a mais de preparação, para que, no que se julga ser o momento certo, fique mais fácil a sua compreensão e aceitação. Se estiver difícil, poste as mãos em oração. De preferência, suba no telhado, numa árvore, na montanha. Depois de percorrer o caminho, entre o céu e a terra, a distância vai te dar a real dimensão da realidade e também do teu sonho...

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