O fim da emergência sanitária com relação a Covid 19, pela Organização
Mundial da Saúde, na semana passada, tem viés político e um outro
administrativo, já que as medidas restritivas haviam sido suspensas ou caído em
desuso em diversos países, inclusive o Brasil. Não pretendo entrar em detalhes
ou discussões, mas, sabe-se, a pandemia, embora controlada, não foi vencida,
precisando que se aprenda novas formas de cuidados pessoais, relacionamentos e
preocupação com ambientes onde se vive.
Embora não se use a definição clássica, o que precisamos é criar uma nova
“cultura” para as nossas relações. Se buscarem no Google, copiado de
dicionários, vai encontrar a definição como sendo “a cultura é todo aquele
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro da sociedade”. O que é bem mais amplo do que delimitar apenas como
atividades artísticas, por exemplo, como é comum de se fazer.
No último sábado foi o dia nacional de vacinação. No Brasil, já tivemos
uma cultura da imunização, em especial de crianças. Um comportamento coletivo
que levou a números que deixaram o país num patamar confortável de proteção.
Até que o negacionismo gratuito fez despencar as estatísticas, com o resultado
palpável de mortes pelo coronavírus. Pagamos caro por erros políticos e
administrativos e ainda vamos pagar mais ainda com sequelas na economia, mas,
especialmente, na saúde física e mental.
A cultura não é apenas uma expressão da sociedade, mas uma forma de
ajudá-la a viver melhor. Pode-se falar na “cultura do respeito” e, no caso
brasileiro, a “cultura da educação”. Que foca em valores e referências na
família, vizinhança, escola, trabalho, o dia a dia... Porque, o que se vê é uma “cultura do
individualismo”, estimulada, ainda, por um pensamento sombrio do tipo “é
preciso levar vantagem...” Uma forma de comportamento que estimula o preconceito
com quem não segue a minha cartilha.
Educadores sabem que a figura emblemática para trabalhar com crianças e
adolescentes é o paralelo com a própria cultura na natureza. O agricultor
(educador), seleciona a semente, rasga a terra, semeia, rega, vê florescer,
espera brotar do chão e acompanha o seu desenvolvimento. Traçando um paralelo,
dá-se conta de que todas as etapas se fazem presentes no desenvolvimento
humano. A formação de princípios é uma etapa delicada na relação com filhos,
alunos e, especialmente, crianças de grupos de risco.
Vacina é, sim, um gesto de amor, que precisa estar dentro de uma cultura
solidária. Como na virada para o Outono e Inverno, quando pessoas usam máscaras
por suas debilidades e para não repassar o vírus da gripe. Detalhes que
alimentam a cultura do cuidado pessoal e responsabilidade social. Em tempos de
redes sociais, infelizmente, as mazelas são escanteadas para debaixo do tapete
do photoshop. Mas não há recurso de computador que esconda a tristeza de um
caráter mal formado e incapaz ser solidário...
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