terça-feira, 9 de maio de 2023

Vacinação: para falar de uma cultura solidária


O fim da emergência sanitária com relação a Covid 19, pela Organização Mundial da Saúde, na semana passada, tem viés político e um outro administrativo, já que as medidas restritivas haviam sido suspensas ou caído em desuso em diversos países, inclusive o Brasil. Não pretendo entrar em detalhes ou discussões, mas, sabe-se, a pandemia, embora controlada, não foi vencida, precisando que se aprenda novas formas de cuidados pessoais, relacionamentos e preocupação com ambientes onde se vive.

Embora não se use a definição clássica, o que precisamos é criar uma nova “cultura” para as nossas relações. Se buscarem no Google, copiado de dicionários, vai encontrar a definição como sendo “a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. O que é bem mais amplo do que delimitar apenas como atividades artísticas, por exemplo, como é comum de se fazer.

No último sábado foi o dia nacional de vacinação. No Brasil, já tivemos uma cultura da imunização, em especial de crianças. Um comportamento coletivo que levou a números que deixaram o país num patamar confortável de proteção. Até que o negacionismo gratuito fez despencar as estatísticas, com o resultado palpável de mortes pelo coronavírus. Pagamos caro por erros políticos e administrativos e ainda vamos pagar mais ainda com sequelas na economia, mas, especialmente, na saúde física e mental.

A cultura não é apenas uma expressão da sociedade, mas uma forma de ajudá-la a viver melhor. Pode-se falar na “cultura do respeito” e, no caso brasileiro, a “cultura da educação”. Que foca em valores e referências na família, vizinhança, escola, trabalho, o dia a dia...  Porque, o que se vê é uma “cultura do individualismo”, estimulada, ainda, por um pensamento sombrio do tipo “é preciso levar vantagem...” Uma forma de comportamento que estimula o preconceito com quem não segue a minha cartilha.

Educadores sabem que a figura emblemática para trabalhar com crianças e adolescentes é o paralelo com a própria cultura na natureza. O agricultor (educador), seleciona a semente, rasga a terra, semeia, rega, vê florescer, espera brotar do chão e acompanha o seu desenvolvimento. Traçando um paralelo, dá-se conta de que todas as etapas se fazem presentes no desenvolvimento humano. A formação de princípios é uma etapa delicada na relação com filhos, alunos e, especialmente, crianças de grupos de risco.

Vacina é, sim, um gesto de amor, que precisa estar dentro de uma cultura solidária. Como na virada para o Outono e Inverno, quando pessoas usam máscaras por suas debilidades e para não repassar o vírus da gripe. Detalhes que alimentam a cultura do cuidado pessoal e responsabilidade social. Em tempos de redes sociais, infelizmente, as mazelas são escanteadas para debaixo do tapete do photoshop. Mas não há recurso de computador que esconda a tristeza de um caráter mal formado e incapaz ser solidário...

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