Lembranças transformam-se em velhos
sonhos
Que teimam em bater à porta das
nossas mal dormidas noites...
Ficam escondidas em algum recanto
da memória
E transbordam pelas beiras da
mente,
Desafiando a interromper o seu
rumo,
Como provocações,
Cintilantes e capazes de se
transformar em devaneios.
Levam aos tempos de criança,
Correndo pelas ruas da minha vila,
Onde busco a velha casa dos meus
primeiros anos,
A calçada onde juntava a garotada
para jogar
Bolinha de gude, taco,
Futebol com goleiras de lata de
óleo
E bola de meias velhas enroladas...
Com o jeito de um tempo em que
ainda
Não havia a preocupação com o que
seria o futuro.
Jovem, descobrindo uma
sensibilidade
Que precisei sublimar para me tornar
adulto.
Acreditei na cumplicidade de amigos
E na eternidade dos amores,
Quando os sonhos não tinham
barreiras.
O amanhã era indefinido, mas isto
não importava.
Um longo intervalo chamado de
"tempo de ser adultos".
Um mundo do que me disseram serem
Responsabilidades e compromissos.
Quando não consegui entender
Porque precisava deixar para trás
A minha infância e a minha
adolescência...
Enfim, chegou a velhice.
Olhar para as mãos e pensar em
Quando foi que elas enrugaram,
Qual foi o tempo que me levou o
viço
E eu passei a ter este olhar
Perdido nas minhas recordações...
As lembranças perseguem
Sonhos que escapam por entre os
dedos.
Têm uma textura agridoce,
Trazem de volta o melhor e o pior
dos tempos idos.
O sentimento de que reviver é
voltar a sofrer.
E de que virar a página não é
fechar o livro,
Mas o jeito de ficar mais próximo
De aceitar que as memórias
oportunizam
Fazer as pazes com as minhas
lembranças.
E com os fantasmas que rondam meu
passado,
E acabaram ficando insepultos no meu
coração...
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