sexta-feira, 26 de maio de 2023

Os fantasmas que rondam meu passado...

Lembranças.

Lembranças transformam-se em velhos sonhos

Que teimam em bater à porta das nossas mal dormidas noites...

Ficam escondidas em algum recanto da memória

E transbordam pelas beiras da mente,

Desafiando a interromper o seu rumo,

Como provocações,

Cintilantes e capazes de se transformar em devaneios.

 

Levam aos tempos de criança,

Correndo pelas ruas da minha vila,

Onde busco a velha casa dos meus primeiros anos,

A calçada onde juntava a garotada para jogar

Bolinha de gude, taco,

Futebol com goleiras de lata de óleo

E bola de meias velhas enroladas...

Com o jeito de um tempo em que ainda

Não havia a preocupação com o que seria o futuro.

 

Jovem, descobrindo uma sensibilidade

Que precisei sublimar para me tornar adulto.

Acreditei na cumplicidade de amigos

E na eternidade dos amores,

Quando os sonhos não tinham barreiras.

O amanhã era indefinido, mas isto não importava.

 

Um longo intervalo chamado de "tempo de ser adultos".

Um mundo do que me disseram serem

Responsabilidades e compromissos.

Quando não consegui entender

Porque precisava deixar para trás

A minha infância e a minha adolescência...

 

Enfim, chegou a velhice.

Olhar para as mãos e pensar em

Quando foi que elas enrugaram,

Qual foi o tempo que me levou o viço

E eu passei a ter este olhar

Perdido nas minhas recordações...

 

As lembranças perseguem

Sonhos que escapam por entre os dedos.

Têm uma textura agridoce,

Trazem de volta o melhor e o pior dos tempos idos.

 

O sentimento de que reviver é voltar a sofrer.

E de que virar a página não é fechar o livro,

Mas o jeito de ficar mais próximo

De aceitar que as memórias oportunizam

Fazer as pazes com as minhas lembranças.

E com os fantasmas que rondam meu passado,

E acabaram ficando insepultos no meu coração...

Nenhum comentário: