A Operação Penalidade Máxima, desenvolvida
pelo Ministério Público de Goiás e a Confederação Brasileira de Futebol, mais
recentemente, com o apoio da Polícia Federal, investiga a manipulação de
resultados e o esquema de apostas no futebol brasileiro. Ganhou destaque
nacional pois já resultou em prisões preventivas, com jogadores, dirigentes e
pessoas que atuam neste esporte investigados e denunciados. Infelizmente, não
vai acontecer, mas poderia ser uma boa oportunidade para se discutir moral e
ética.
Esta não pode ser apenas uma discussão
acadêmica. Mas elementos que estão na vida de um cidadão cada vez mais
decepcionado com as suas representações sociais. E o futebol é uma delas. Para
discutir, precisamos de definições, já que, se pode dizer, “a moral é o
conjunto de normas que orienta a maneira de agir das pessoas dentro de um
contexto específico. Por conta disso, estamos falando de um conceito de caráter
particular e que se baseia, sobretudo, em hábitos e costumes (poderíamos estar
falando em cultura?).”
E a ética? Bem, ela funciona como a
racionalização da moral. Educadores batem seguidamente na tecla de que, para
haver uma moral e uma prática da ética que se adeque ao nosso tempo é preciso
ter referências. Vale a pena repetir que os valores de cada pessoa nascem do
grupo familiar e social onde são criadas: família, vizinhança, escola... Um
terceiro elemento fez parte do processo de educação: as religiões, em especial
as cristãs, que ficavam num espaço intermediário entre a família e a escola.
Eram referências na formação e serviam de
elemento agregador. Religiosos estiveram
no patamar de confiança dos militares, por exemplo. Pesquisas realizadas até a
década de 80 davam conta de que as igrejas e o Exército eram apontados pela
população como merecedores de confiança. De lá pra cá, despencaram. A Igreja
Católica enfrenta concorrência, em especial das igrejas neopentecostais, e se
vê envolvida em diversos escândalos, assim como empobreceu a preparação
pastoral e intelectual de seus quadros.
Infelizmente, o que estava ruim tende a ficar
pior. O brasileiro tem sido decepcionado por aqueles nos quais deposita
confiança (e os políticos sabem que eles foram os primeiros). Como se não
bastassem os problemas educacionais e religiosos, explode o escândalo no
futebol, que já não estava bem das pernas, em que o torcedor se vê motivado
para vestir a camiseta quando deveria saber que é usado para marketing e promoção
de produtos, recebendo menos do que paga, de forma direta ou indireta.
Pena que se precise falar em desportistas que
deveriam ser exemplos da ética. A moral não é decorar “leis”. Na prática, a
gente se espelha em quem está próximo, se introjeta valores e referências que,
aprendidos no tempo certo, balizam comportamentos. A ética precisa estar
refletida em nossas ações, com normas que estimulam o bom convívio e o respeito
pelo outro, sendo honestos, íntegros e justos. Pode ser difícil, mas é preciso
que se persista até mesmo quando parece que ninguém mais está dando o bom
exemplo...
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