domingo, 28 de maio de 2023

Reiniciar a vida em família

A vinda dos meus sobrinhos para morar no “condomínio” onde já estavam instaladas a Roberta e a Renata (no salão de beleza) mudou um pouco (bastante) a minha rotina. Chegaram, como já contei, o Elisandro, a Daniele, o Miguel e o Fredy. Este último, o cão de estimação. Mas foi o Miguel, com seus 8 anos, que, enquanto o pai não tem os horários acertados no novo emprego, precisa de apoio, especialmente quando o assunto é o horário de entrada e saída das aulas, no Colégio Imaculada Conceição.

Antes das aulas, visitamos as dependências da escola, na companhia da professora Iolanda, “velha” conhecida de atividades educacionais e da Igreja Católica. Matei saudade das dependências onde fiz a primeira série. Tinha, então, seis anos e completaria os regulamentares sete em junho, mas já pude andar pelos mesmos corredores, o espaço do recreio e a área arborizada com uma pequena cancha para as peladas, das quais, óbvio, eu estava fora porque sempre fui um autêntico perna de pau.


O horário de chegada não tem nada de especial, a não ser o carinho que a criançada tem com o porteiro, que cumprimenta uma a uma e as conhece pelo nome. A saída é um espetáculo à parte. No início ficava confuso: eram muitos pais e crianças numa “desordem organizada” que retém os mais novos dentro do prédio, até que chegue algum responsável. É uma festa em que se misturam merendeiras, mochilas, despedidas, recados, aqueles que estão saindo e os pais atrasados que congestionam a entrada.

Chegar em casa, à tardinha, quase sempre tem alguma coisa a fazer no pátio. O Miguel troca a roupa em alta velocidade e já tá perguntando se pode ajudar a “plantar”. Nem sempre é para plantar, mas, com a seca dos últimos tempos, é o tempo ideal para pegar baldes e regadores e dar uma esperança para as plantinhas. Lá vou eu, de balde, e ele com o regador para, aleatoriamente, aspergir as folhas. E fica de olho, porque onde ele fez o “trabalho”, ali já não posso colocar água. Enquanto ele não se distraí, é claro...

Disse num outro texto que é bom a gente ter na casa o gosto de família. Quando há uma criança que catalisa a atenção, como dizia meu pai, seu Manoel, “com um bicho carpinteiro” é certo que, quando não está por perto, à tarde, ou quando fica nos avós, nos finais de semana, o silêncio é maior até do que antes, quando não haviam outros moradores no prédio. Muita energia concentrada que, de vez enquanto, transborda nas “briguinhas” e nos “soquinhos” que têm a pronta reprimenda da avó e da mãe.

Família é um eterno tempo de ajuste e adaptação. Das coisas que parecem cansativas, mas fazem falta quando se ganha “folga”. Como dizia uma conhecida: “saímos eu e meu marido para jantar sozinhos e aproveitar um pouco e, durante todo o tempo, falamos nos filhos...” Até já achei que conhecidos tinham famílias perfeitas. Não é assim: Leva-se um tempo para entender serem as diferenças - que podem parecer imperfeições - que dão o gosto e o sabor de, todos os dias, reiniciar a vida em família...

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