A vinda dos meus sobrinhos para morar no “condomínio” onde já estavam instaladas a Roberta e a Renata (no salão de beleza) mudou um pouco (bastante) a minha rotina. Chegaram, como já contei, o Elisandro, a Daniele, o Miguel e o Fredy. Este último, o cão de estimação. Mas foi o Miguel, com seus 8 anos, que, enquanto o pai não tem os horários acertados no novo emprego, precisa de apoio, especialmente quando o assunto é o horário de entrada e saída das aulas, no Colégio Imaculada Conceição.
Antes das aulas, visitamos as dependências da escola, na companhia da professora Iolanda, “velha” conhecida de atividades educacionais e da Igreja Católica. Matei saudade das dependências onde fiz a primeira série. Tinha, então, seis anos e completaria os regulamentares sete em junho, mas já pude andar pelos mesmos corredores, o espaço do recreio e a área arborizada com uma pequena cancha para as peladas, das quais, óbvio, eu estava fora porque sempre fui um autêntico perna de pau.
O horário de chegada não tem nada de especial, a não
ser o carinho que a criançada tem com o porteiro, que cumprimenta uma a uma e
as conhece pelo nome. A saída é um espetáculo à parte. No início ficava
confuso: eram muitos pais e crianças numa “desordem organizada” que retém os
mais novos dentro do prédio, até que chegue algum responsável. É uma festa em
que se misturam merendeiras, mochilas, despedidas, recados, aqueles que estão
saindo e os pais atrasados que congestionam a entrada.
Chegar em casa, à tardinha, quase sempre tem alguma
coisa a fazer no pátio. O Miguel troca a roupa em alta velocidade e já tá
perguntando se pode ajudar a “plantar”. Nem sempre é para plantar, mas, com a
seca dos últimos tempos, é o tempo ideal para pegar baldes e regadores e dar
uma esperança para as plantinhas. Lá vou eu, de balde, e ele com o regador
para, aleatoriamente, aspergir as folhas. E fica de olho, porque onde ele fez o
“trabalho”, ali já não posso colocar água. Enquanto ele não se distraí, é
claro...
Disse num outro texto que é bom a gente ter na casa
o gosto de família. Quando há uma criança que catalisa a atenção, como dizia
meu pai, seu Manoel, “com um bicho carpinteiro” é certo que, quando não está
por perto, à tarde, ou quando fica nos avós, nos finais de semana, o silêncio é
maior até do que antes, quando não haviam outros moradores no prédio. Muita
energia concentrada que, de vez enquanto, transborda nas “briguinhas” e nos
“soquinhos” que têm a pronta reprimenda da avó e da mãe.
Família é um eterno tempo de ajuste e adaptação. Das
coisas que parecem cansativas, mas fazem falta quando se ganha “folga”. Como
dizia uma conhecida: “saímos eu e meu marido para jantar sozinhos e aproveitar
um pouco e, durante todo o tempo, falamos nos filhos...” Até já achei que
conhecidos tinham famílias perfeitas. Não é assim: Leva-se um tempo para
entender serem as diferenças - que podem parecer imperfeições - que dão o gosto
e o sabor de, todos os dias, reiniciar a vida em família...
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