A mudança das temperaturas na troca das estações é um alerta para medidas que já deviam fazer parte do nosso quotidiano, mas, contestadas, se transformou em ponto de disputa ideológica e não uma questão de saúde. Gripe ou Covid, admitir que o Brasil ultrapassou a marca das 700 mil mortes escancara a incompetência e que se falhou em todos os sentidos, desde o atendimento básico preventivo até a definição de políticas públicas que atendessem, especialmente, às populações mais pobres.
Em nível local, o número de óbitos diminuiu
sensivelmente, mas se veem registros, no dia a dia, de algumas dezenas de
infectados. E se a letalidade não preocupa tanto, sabe-se que a presença do
vírus nas casas e a necessidade de cuidados causa problemas nas relações
familiares e também no ambiente de trabalho. Especialmente quando ainda se
percebe que a cobertura da vacina bivalente contra a Covid está bem abaixo do
esperado em todo o país. A quarta dose (ou segunda de reforço) que já está
disponível.
O Ministério da Saúde iniciou segunda-feira (10) a
25ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, mais conhecida como
vacina da gripe. Em princípio, até o dia 31 de maio deste ano.
Tradicionalmente, um dia (este ano, em 6 de maio), há uma concentração para
facilitar a vida da população. Na fila, entram crianças de 6 meses e menores de
6 anos, trabalhadores da saúde e pessoas com mais de 60 anos. Também as gestantes
e aquelas no período de até 45 dias após o parto (puérperas).
Desde que surgiu, a vacina sempre foi motivo de
discussões a respeito da sua eficácia. O certo é que ajudou a frear a
contaminação e o surgimento de vírus potencialmente letais, como foi o caso do
coronavírus e as novas variantes. Levou-se um grande tempo para perceber que apenas
a imunização em massa protege todo um grupo de pessoas de uma determinada
localidade e diminui o risco de contágio. O Brasil evoluiu bastante até que,
recentemente, entrou-se numa disputa negacionista e deu no que deu...
Os exemplos são tristes. Idosos e grupos de riscos
sofrem mais com a consequência da falta de uma cobertura vacinal. É
inadmissível que, por interesses políticos, se sacrifique parcela da população
porque, como chegaram a comentar algumas lideranças políticas: “já estão com o
prazo vencido” ou “estão mais perto da morte”. O retrocesso das campanhas no
Brasil tem viés administrativo mas, também, a responsabilidade do brasileiro
comum que precisa aprender a cuidar de si e daqueles com os quais convive.
Vou chamar de lado os idosos (como eu) e fazer um apelo: não importa o que está ouvindo em casa: pró ou contra a imunização. Seja a favor da sua saúde. Quem viveu o tempo em que esta campanha era uma grande festa cívica sabe que ninguém morreu pela vacina. Ao contrário, melhorou a qualidade de vida, em especial, num tempo em que se vive mais. Então, pegue a carteirinha, diga que vai à farmácia ou ao mercadinho e rume para o postinho. E volte orgulhoso da marca no seu braço: a picadinha da vida!
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