Estes sulcos que julgas serem
marcas do tempo,
São lugares por onde escorreram
minhas lágrimas
E desenharam o mapa da minha
história.
Por múltiplas razões - e em
diferentes tempos -
Rasgaram minha pele,
Deixando os sinais que entranharam
Cada partícula, cada átomo do meu
ser.
Tu me viu chorando em criança?
Eram lágrimas em que ainda se
explora o Mundo:
Sabe-se que, de algum lugar, virá o
consolo e
E a sensação de que é um tempo de
aconchego.
Tu me viu chorando na adolescência?
Já era um pranto sentido:
O das primeiras perdas,
Das primeiras certezas de que nem
sempre
Haveria um lugar para voltar, para
se sentir acolhido.
Tu me viu chorando adulto?
Sim, foram muitas lágrimas,
Na maior parte das vezes,
silenciosas,
Atendendo àquilo que esperavam de
mim.
Tu me viu chorando na velhice?
Já eram lágrimas cansadas,
Dolorosamente sentidas,
Fruto do abandono e da solidão.
Hoje, minhas lágrimas tem o gosto
da mistura
Da cerração, o frio da manhã e o
Sol,
Que teima em brumar em meio às
nuvens...
Ainda guardo a inocência de uma
criança,
Quando preciso de ti.
Se com o tempo perceberes
Que há momentos em que minhas
lágrimas
Parecem sem motivo,
É então que preciso ainda mais.
Então, apenas me ama, me abraça e
pergunta
Se posso repartir o que estou
sentindo.
Se silenciosamente te olhar e
faltarem as palavras,
Saibas que houve um tempo em que me
neguei a chorar
Para que pudesses sentir o sorriso
que te amparava.
Eu andei pelas ruas que o destino
traçou,
Mas nunca te perdi de vista.
Então, fecha os olhos e apenas
sorve o que digo:
Se minhas mãos enrugadas te
assustam,
Vou pô-las sobre meu colo,
Baixar meus olhos e murmurar:
Desculpa por nunca ter deixado de
gostar de ti...
Quem já cuidou de quem ama,
Agora precisa de quem ama
Para não se sentir sozinho,
Um mendigo amor.
A finitude é o tempo que nos
acalma,
Quando as lágrimas rotas em meus
olhos coroam a busca
Do que persegui por toda a vida:
Teu carinho, teu aconchego e o
anseio
Pela ternura que se derramava em
teu olhar...
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