sexta-feira, 7 de abril de 2023

A morte e o silêncio de Deus...

Três vidas se cruzam no caminho do calvário.

Não há pressa,

Embora os açoites os instiguem,

A dor os impede de pensar,

Mas ainda querem viver.

Tiveram uma história.

Os rumos foram diversos

Mas o fim acabou sendo o mesmo.

A sociedade os carimbou como perigosos,

Criminosos por atentarem contra bens,

Pessoas, as ideias de um grupo...

 

Um seguia conformado com a própria indiferença.

O outro se mostrava arrependido.

E o terceiro era diferenciado:

Selava não o seu destino,

Mas o destino dos homens.

 

Três cruzes demarcavam o horizonte.

Era necessário que morressem

Para assegurar o respeito e o temor.

 

Conformados, achavam que tudo já estava predestinado.

Muitos dos que estavam ao longo do caminho

Continuaram com suas tarefas,

Certos do que iria acontecer.

Outros queriam detalhes de um espetáculo macabro

Que já vertia sangue desde a condenação,

A crueldade dos guardas

E o momento de cada um tomar a cruz.

 

O jeito da humanidade:

Traziam a indiferença,

O arrependimento,

A realeza.

Não havia quem os consolasse,

Sozinhos na perspectiva de cumprir a sua sina.

Seus nomes? Não se sabe. Um se chamava Jesus.

E embora tivesse reunido multidões

Ali, poucos dos seguidores ficaram à vista.

 

Três cruzes cravadas para que a cidade possa enxergar.

Agora, é a hora da espera.

Aos poucos, perdem as forças

E se torna difícil respirar.

Não há mais retorno.

Apenas a morte.

O cansaço já embota seus cérebros.

Somente o homem que parecia mais fraco não reclama.

Reza e fala com sua mãe, um dos seus seguidores e o ladrão arrependido.

 

A brisa geme em meio às árvores,

Agita-se a natureza na despedida do Galileu

E na angústia do renascimento da vida.

Por todos os tempos e em todos os lugares,

O lamento do vento, da trovoada e dos relâmpagos

Alcança o ápice do sofrimento:

A natureza precisa resgatar um corpo

Para devolver o Filho do Eterno.

Tinha fim a angústia, as incertezas,

As dores, a vida sem sentido.

Na sexta feira da paixão

Emerge a esperança em meio à agonia.

É preciso dobrar os joelhos diante de quem morre

E do silêncio de Deus...

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