Não há pressa,
Embora os açoites os instiguem,
A dor os impede de pensar,
Mas ainda querem viver.
Tiveram uma história.
Os rumos foram diversos
Mas o fim acabou sendo o mesmo.
A sociedade os carimbou como
perigosos,
Criminosos por atentarem contra
bens,
Pessoas, as ideias de um grupo...
Um seguia conformado com a própria
indiferença.
O outro se mostrava arrependido.
E o terceiro era diferenciado:
Selava não o seu destino,
Mas o destino dos homens.
Três cruzes demarcavam o horizonte.
Era necessário que morressem
Para assegurar o respeito e o
temor.
Conformados, achavam que tudo já
estava predestinado.
Muitos dos que estavam ao longo do
caminho
Continuaram com suas tarefas,
Certos do que iria acontecer.
Outros queriam detalhes de um
espetáculo macabro
Que já vertia sangue desde a
condenação,
A crueldade dos guardas
E o momento de cada um tomar a
cruz.
O jeito da humanidade:
Traziam a indiferença,
O arrependimento,
A realeza.
Não havia quem os consolasse,
Sozinhos na perspectiva de cumprir
a sua sina.
Seus nomes? Não se sabe. Um se
chamava Jesus.
E embora tivesse reunido multidões
Ali, poucos dos seguidores ficaram
à vista.
Três cruzes cravadas para que a
cidade possa enxergar.
Agora, é a hora da espera.
Aos poucos, perdem as forças
E se torna difícil respirar.
Não há mais retorno.
Apenas a morte.
O cansaço já embota seus cérebros.
Somente o homem que parecia mais
fraco não reclama.
Reza e fala com sua mãe, um dos seus
seguidores e o ladrão arrependido.
A brisa geme em meio às árvores,
Agita-se a natureza na despedida do
Galileu
E na angústia do renascimento da
vida.
Por todos os tempos e em todos os
lugares,
O lamento do vento, da trovoada e
dos relâmpagos
Alcança o ápice do sofrimento:
A natureza precisa resgatar um
corpo
Para devolver o Filho do Eterno.
Tinha fim a angústia, as
incertezas,
As dores, a vida sem sentido.
Na sexta feira da paixão
Emerge a esperança em meio à
agonia.
É preciso dobrar os joelhos diante
de quem morre
E do silêncio de Deus...
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