No domingo de Páscoa, a cruz vai estar vazia. O túmulo também vai estar vazio. Para muitos homens e mulheres ao redor do Mundo bastará a fé para justificar a crença de que Jesus ressuscitou. Este é o motivo pelo qual, ao longo da história, testemunharam no que acreditam com a própria vida. Alguns a entregaram, num ato de coragem. Outros fizeram desta mesma coragem, motivo para não desistir dos pequenos e, muitas vezes, considerados "insignificantes" momentos de rotina, razão de manter firme a sua crença.
Nunca deixei de admirar os que foram elevados às honras dos altares. No
entanto, tenho ainda mais respeito por "santos" e “santas” sem
experiências miraculosas, porém, que empenharam seu sangue e suor no
atendimento do dia a dia às suas famílias e àqueles que estão mais próximos. Na
Quaresma e Páscoa, que são tempos de mudança, é preciso focar no real sentido
para não banalizar as palavras pois, se quem prega consegue mudar pouco ou
nada, se tornam expressões de difícil compreensão para as pessoas simples.
Ao conversar com grupos religiosos, coloco uma questão, quase sempre sem esperar resposta: que caridade pratiquei hoje? Em especial quem lidera, homens e mulheres que deveriam, todos os dias, se perguntar: qual foi o gesto de generosidade que fiz? Infelizmente, muitos vão se dar conta de que nem hoje, nem recentemente, as ações ultrapassaram o discurso. Está comprovado que o lugar mais difícil de viver o cristianismo é em família e nos grupos mais próximos com os quais se convive.
A compaixão e a solidariedade devem mexer na parte mais sensível do corpo,
que ainda se chama bolso. Cuidar da família, dos amigos, dos vizinhos e colegas
de trabalho é lugar privilegiado para viver a Páscoa. No templo você os oferece
a Deus e busca energias para, exatamente, neste meio, viver como cristão. Muitas
podem ser as cruzes no caminho, mas onde resplandece o homem novo é naqueles
que sentem em você o perfume da assistência, do carinho, do afeto, do amor, do
ombro amigo...
Na Páscoa, vive-se a ressurreição com homens e mulheres “santos” que fazem
da religião um jeito humano de viver a fé. Rememora-se Jesus que ressuscita e
se vive o ápice da expectativa de se colocar, como filhos, no colo de Deus. É o
que temos de mais divino: homens, à imagem e semelhança de Deus, no caminho para
a santidade. A santidade que faz de todos dias a sequência de “atos heroicos”,
sem serem reconhecidos. Sem conhecimentos teológicos, mas fazendo do chão do
Mundo o lugar da nossa fé.
O que se precisa não é de um pensamento escatológico (que se discute acontecimentos
do fim do planeta e da humanidade), mas atender à necessidade humana de
entender o que de fato significa o Jesus histórico. Viver a “santidade” na prática
do bem, descobrir pessoas santas em cada meio. Amadurecer, inclusive na fé e na
religião; se dar conta de que a Eternidade é uma perspectiva, a vida é a
realidade. A cruz é a porta que, para além de Céu e de Inferno, é onde se
manifesta a misericórdia de Deus, a nossa real esperança!
Uma santa e abençoada Páscoa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário