Devolve a palavra que roubaste da minha boca.
Não foram tuas mão que afanaram
O que eu desejava dizer.
A melancolia dos teus olhos
Sequestraram os sons
E asfixiaram o meu peito.
Tua dor clamava o quanto
Necessitavas libertar o medo
Que te sufocava.
No silêncio, desejavas me
preservar,
Guardar para ti aquilo que
Já era um grito arfante,
Manifestado no rictos que
desfigurava teu rosto....
Não conseguias compartilhar o que
sentias
E tornavas reféns os meus
sentimentos.
Teu "diálogo" prescindia
das minhas palavras.
Virou monólogo, esquecido de que
Amar é verbo transitivo:
Na dor e no prazer,
Na presença e na ausência,
No afago e na saudade...
As palavras fazem eco aos
pensamentos,
Que precisam se diluir nos sentidos
Para desabrocharem em significados.
Meu silêncio reivindicava o desejo
de que
O balbucio que escorreu por meus
lábios
Não se perdesse com os muitos sons
Que o queriam abafar,
O burburinho de outras palavras
Que me afastavam de ti.
A espera que havia silenciado
No olhar que se alonga e não
consegue
Ultrapassar o momento presente.
Conforma-se, descobrindo
Que a essência não está no que foi
dito,
Nos sons articulados,
Mas nas omissões, nos silêncios,
No que se guardou.
No desejo angustiado do reencontro,
Na certeza de que ainda existe algo
Que não se alcança
Sem fechar os olhos e descobrir que
O espírito precisa vagar por outras
paragens,
Até que encontre o tempo da própria
palavra...
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