Chegaste com um sorriso que me envolveu,
Me abraçou e dispensou as palavras
Para te tornares meu amigo.
Minha felicidade era proporcional
Aos momentos em que convivemos,
Estabelecemos parcerias,
Fizemos a cumplicidade
Transformar-se em sintonia
perfeita:
Um convívio que imaginava ser
eterno...
Mas o tempo, sempre o tempo,
Levou aquilo que sonhava ser por
toda a vida.
Restaram em meus olhos
E em meus passos cansados
A certeza de que a amizade
É bênção, dádiva,
Que justifica devaneios,
Projetos, acertos e incertezas
Que alcançam sentido
Quando se quer viver apenas o
presente.
Depois, ficam as marcas e a
sensação
De que se provou de uma especiaria
que apenas
Os deuses são capazes de sorver...
As perdas dão a garantia de que não
se conseguiu
Viver plenamente o tempo oferecido.
Depois, andando pelos mesmos destinos,
Em muitas ocasiões, tive vontade de
fazer
Como as pessoas que sangram as suas
ausências
Procurando pelas ruas e estradas
Quem lhes ofereça o abrigo do
Enlace de um corpo,
Onde as carências podem ser
compartilhadas,
Sem perguntas, sem explicações,
Apenas na sensação de que se revive
Uma fagulha que não pode ser
extinta.
Tem-se o eco que demostra
A falta que faz um abraço, um
olhar, um afago,
O riso, as singelas palavras
E os muitos significados do
silêncio.
São fissuras afetivas que a saudade
Abre sem que se encontrem
perspectivas.
Acarinhar é a cura que rega a terra,
Enriquece as bordas dos córregos
E não deixa assorear o coração.
Amizade é o tempo entre
A chegada e a partida,
O princípio e o fim...
Não se pode ter medo de acolher
E nem de dizer adeus.
Fica nos lábios o murmúrio não dito,
Enquanto pelo olhar se brada
Que dói estar só,
Se lança apelo para ser aninhado ao
colo,
Recolher cada parte de um espírito
Ferido e cansado, que somente
A esperança recupera o sentido de
viver.
A intensidade da pergunta que
sequer precisa ser dita:
Queres ser meu amigo?
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