Domingo passado foi daqueles em que qualquer cristão pensa seriamente em amaldiçoar o calor... Nada contra aqueles que dizem gostar, no entanto tem limite e o dos últimos dias passou de tudo o que pode ser considerado razoavelmente tolerável. Pela manhã, convocação para almoçarmos juntos. Fiquei pensando que lá se ia a minha oportunidade de buscar comida, entrar para dentro de casa, ligar o ar-condicionado, “diminuir a roupa” e pensar: “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Mas, é pelo bem da família...
Organizado pela minha sobrinha Daniele, que agora mora no meu mesmo
prédio, com o Elisandro, o Miguel e o Fred (na ordem: esposo, o filho e o cão
de uma beleza duvidosa...). Descia da minha casa e reparei que para fugir dos
lugares onde logo iria bater o sol, ficaram num espaço menor, junto da escada.
Foi o suficiente para lembrar que muitas vezes o pai, seu Manoel (ajudado pelo cunhado,
o Roberto, e muitas mãos mexendo na cozinha), organizava o churrasco de domingo
e se almoçava na garagem.
Tirando o carro, portão aberto e toda a vista da rua (assim como sendo visto por todos os passantes), assumia-se a tradicional “farofice”, com muito espaço e um bom ventinho para amenizar. E voltaram as lembranças das crianças correndo por ali. Era comum reunirem-se mais de dez pessoas, com a família da minha irmã, Leonice, além dos sobrinhos, que entravam com os complementos: as tradicionais saladas de maionese de batata (eu prefiro a de massa), o pãozinho de todos os domingos, os pudins e as bebidas.
Era raro se comprar comida pronta e, embora sempre se pensasse em
economia, ao fim e ao cabo todo mundo levava para casa o suficiente para a
janta. Circulando, naquele horário, pela vila Silveira, se veria outras casas
que faziam o mesmo, aproveitando espaços laterais cobertos. Também com a
reunião de familiares e amigos. E, no nosso caso, ainda haviam os ganchos (ainda
lá estão) nas paredes e, depois do almoço, tinha a sesta do pai, assim como lugar
para as crianças brincarem durante boa parte da tarde.
Durante bom tempo fiquei sozinho. Depois que a mãe faleceu, permaneci na
nossa casa, mas me dando conta de que era muito espaço. Quando a Daniele
resolveu voltar para Pelotas, tirei da gaveta um antigo sonho: construir um apartamento
na parte debaixo, já que, há três anos, a parte inferior da frente é um ponto
comercial ocupado por um salão de beleza (das amigas Roberta, Renata e tendo de
“inhapa” o Pedro). Muitas facilidades vieram com os novos condomínios e fazem
pensar bem antes de uma mudança...
Todavia ainda recordo o barulho dos espetos sendo limpos e preparados, a
fumaça iniciando o expediente e o odor das carnes assando. A algazarra de crianças
e adultos por sobre cercas e muros baixos. As trocas de aperitivos e as
conversas que se tornavam difíceis durante uma semana de trabalho e, muitas
vezes, de estudos. Sou grato pelo almoço de domingo em família. Completou um
quadro: faz um mês que meus sobrinhos estão na casa nova e eu tenho a sensação
de que, novamente, estou vivendo em família.
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