Há um lugar no cantinho da memória
Em que, por toda a vida, ainda mora
a inocência.
Lembranças são o antídoto para o
que
Se representa socialmente.
É o jeito da alma abrir janelas em
que se revela
Aquilo que se nega por nossos medos
e fantasmas.
Embora se queira ser independente,
Somos carentes
De um simples toque de carinho.
Basta lembrar,
Consciente ou inconscientemente,
Das vezes em que se desejou clamar:
"Não me solta!"
A mão carinhosa da mãe
Que amparou os primeiros passos;
O pai que apoiou
As costas ou a própria bicicleta
Para as primeiras pedaladas;
A professora que, com paciência,
Conduziu os dedos nas primeiras
letras;
Quem a gente amou,
Na novidade das primeiras carícias,
Explorando as emoções da intimidade;
Quem ainda desenhou nosso rosto
Com a ponta dos dedos,
No desejo de que ao menos restasse
a saudade
E que não se caísse no
esquecimento.
Pode ser difícil, mas é
reconfortante
Quando se tem alguém para
confessar:
"Eu sempre precisei contar
contigo!"
Aprender a ficar sozinho é quase
impossível,
Mas também se sofre para amar
As pessoas como elas são.
Talvez esta seja a armadilha da
vida:
Reconhecer alguém que gastou
Seu tempo e energia para cativar,
Envolveu os corações em
Almofadas que ampararam nossas
quedas.
Andou remexendo nas lembranças
E, agora, segura a mão como quem
Já auscultou a minha jornada
E conhece o jeito de me deixa
voltar para casa.
Não tem importância se uma lágrima
teima em aparecer.
As lágrimas, sentidas ou não
derramadas,
São a resiliência de Deus.
Que amenizam as despedidas,
Transformam-se em marcante
"até logo",
Quando o sorriso e o que resta de
um olhar
Permitem que, num murmúrio, apenas
se peça:
Quero voltar aos teus braços!
E quando serenar meu coração, no
umbral do sossego,
Que eu possa ouvir: "está tudo
bem!"
E, finalmente, sentirei que tenho
Um lugar para abrigar os meus
sentidos...
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