O pessoal da Associação de Pais de Down de Pelotas
(APADPel) aproveitou a sua semana de conscientização e fez uma visita à Estação
de Tratamento de Água (ETA) do Santa Bárbara, responsável por mais da metade do
abastecimento da área urbana do município. Tinham um bom motivo: marcar o Dia
Mundial da Água. Este bem tão precioso, mas ainda tão judiado tanto pelo
usuário, quanto pelos responsáveis técnicos. Afinal, se Pelotas fica exatamente
no meio da água, como pode se explicar a sua falta?
Me ajudem os geógrafos, mas se ainda lembro dos
mapas que me apresentaram em sala de aula, sem considerar a imensidão do Oceano
Atlântico (água salgada) que está a poucos quilômetros e nos brinda com a praia
do Cassino, estamos cercados pela lagoa dos Patos, canal São Gonçalo e arroio
Pelotas (água doce). Faltou alguma coisa? Pois é, no dia 22 de março, se
evidenciou a importância da conscientização e boas práticas de preservação para
manter o ecossistema: a vida humana, as plantas e os animais.
O papel do consumidor é claro. Não é porque se paga aquilo que se gasta que se tem o direito de esbanjar. Durante os primeiros meses deste ano, enfrentou-se um problema repetido: as altas temperaturas aumentaram o consumo do precioso líquido e se esteve próximo do racionamento. A recomendação para a racionalização do seu uso encontrou muita gente ouvindo e não se importando. Enquanto alguns gastavam o que não precisariam, outros tinham as torneiras secas para as suas necessidades básicas...
Do outro lado, existem os administradores públicos e
as suas eternas promessas. O reforço do abastecimento da área urbana de Pelotas
virá da captação da água no canal São Gonçalo, que já atende Rio Grande. Obra
que se arrasta “ad aeternum” e que - podem acender as suas velas diante dos
seus Santos - parece que fica pronta este ano. Semana passada, o próprio
ex-prefeito Fetter Júnior cobrou a morosidade do trabalho que já se arrasta por
sete anos, podendo acrescentar 50% da sua capacidade atual.
Estamos longe da consciência de países que protegem
fontes e córregos que abastecem a população, especialmente as cidades. Ali, proprietários
das terras por onde passam são indenizados e recebem valores para manter as
cercas, os animais afastados e preservar as áreas. Com isto, a água chega aos
reservatórios praticamente sem a necessidade de acréscimo de químicos para
torná-la adequada. É o caso de Nova York, nos EUA, sem estação de tratamento de
água, que pode ser consumida diretamente da torneira.
Olhando o mapa do Estado, repara-se que somos
privilegiados. Embora grande parte da população não tenha consciência do que a
natureza nos beneficiou, basta olhar para outras regiões próximas, assim como
no país e em nível internacional. Sim, a água, em Pelotas é uma bênção.
Enquanto parcelas da população mundial lutam para dessalinizar e reaproveitar,
aqui a temos praticamente “in natura”. É a seiva que mantém nossos corpos, o
que está vivo e nos cerca. Cuidar dela é, com certeza, preservar a própria
vida.
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