Era criança e lembro de ter acompanhado uma conversa de adultos falando a respeito do significado dos sonhos. Meus pais gostavam do assunto e, em seguida, entrou em casa o primeiro livro destes que são vendidos em bancas de revistas tratando do tema. No “bar e armazém do seu Manoel” passou a ser comum pessoas virem conversar para saber o que poderia ser atribuído aos seus devaneios noturnos. Havia dicionário para consultar o que representavam. Depois disto, era a puro palpite, no agrado de cada freguês.
Esta é um temática que
sempre mexeu com o imaginário. Já em sociedades antigas, como o Egito e a
Grécia, registraram-nos como forma de comunicação sobrenatural ou intervenção
divina, necessitando de pessoas especiais para interpretá-los. O que, em tempos
mais recentes, incluía charlatões como “consultores” de horóscopo. Hoje, a
psicologia e a neurobiologia oferecem teorias acerca dos significados e
propósitos. Uma das grandes referências é a obra de Sigmund Freud “A
Interpretação dos Sonhos”.
Muitas vezes, se tem um sonho e se fica pensando nele o dia inteiro. O sonho parece ter uma linguagem simbólica, o que faz aumentar a curiosidade sobre o que quer dizer. É o lugar onde a imaginação (ou o inconsciente) não tem limite. A gente voa, se transforma, viaja por lugares desconhecidos... Podem ser positivos, deixando o gostinho de quero mais (até voltar a dormir). Mas podem aflorar desejos reprimidos, ou pesadelos, muitas vezes repetidos, que causam medo, dos quais despertamos preocupados e assustados.
Meu sobrinho,
Claudemir, caminhoneiro, sonhou que reencontrou uma grande amiga minha e sua
velha conhecida, mas que não vê há um bom tempo. Estava parado com seu caminhão
em algum lugar, olhou para a rua, enxergou a Marli na beira da calçada, sentada
numa cadeira de praia. Desceu e foi cumprimentar e conversar. Formou-se um
temporal. Ele recolheu-se à cabine. Ela ficou na chuva, no mesmo lugar, da
mesma forma, apenas protegendo a cabeça. Ele preocupado, ela nem aí para o
dilúvio...
No meu sonho, comprei
um carro antigo que, sabia, não tinha freios. Deixei na frente da casa. O carro
começou a andar e atingiu o muro que já existiu na divisa com a outra casa e
que minha família construiu. O vizinho ficou furioso e começou a me xingar. Eu
achava que tinha alguma coisa errada, porque o muro já não existe mais. Queria
contar para meu pai que deveria estar no seu “bar e armazém”, na frente da
casa, mas, parecia que nem ele nem a mãe (os dois já falecidos) haviam escutado
o barulho da batida...
Os sonhos mais “famosos” são os de são José. Por eles, Deus orientou o pai adotivo de Jesus a aceitar Maria como esposa, fugir para o Egito e de lá retornar. Há tentativas de interpretação, mas se está longe de enquadrar seus significados. Místicos ou apenas humanos, dão a sensação de que, de alguma forma, afloram emoções contidas. O medo que se quer superar e os sentimentos represados, em especial quando dão o gosto do tempo passado e desperdiçado, muitas vezes sonhados e, tristemente, não vividos...
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