Conversava com uma vizinha em frente à casa e fiz
uma provocação: “participas de um abaixo-assinado comigo?” Perguntou logo qual
era e expliquei: “pela volta do colorido dos prédios do condomínio à nossa
frente”. Deu uma risadinha e concordou: “assino, sim”. O dito tem poucos anos e
no projeto inicial todos os edifícios eram pintados com cores diferentes,
sempre combinando duas em que uma se destacava e a outra dava fundo. Depois de
uma reunião, os moradores optaram por um cinza, uma cor neutra...
Recentemente, foi pauta nos noticiários de Porto
Alegre a pintura de painéis em paredes laterais de imóveis. Quase sempre com
registros do cotidiano ou de lembrança de personagens da história recente.
Embora possa correr algum perigo por nossas calçadas serem mal conservadas,
vale a pena erguer os olhos e se deparar com o diferente em meio a construções
que primam pelo cinza e cores mais baratas e sem graça. Painéis que muitas
vezes ultrapassam cem metros quadrados e desafiam a lógica na sua execução.
Não gosto de prédios com cores agressivas, mas daqueles
que se harmonizam com o ambiente. São diferenciados exatamente porque chamam a
atenção sem serem “exibidos”. Sabem vestir-se de cores adequadas para conviver
e deixar as suas marcas. Pode-se destacar que a correta utilização das cores
ajuda a equilibrar os ambientes, faz bem aos que habitam, gerando bem estar. A
consequência é a redução do estresse, facilitar o convívio, auxiliar no
controle da ansiedade, da angústia e da depressão.
A psicologia das cores comprova que influenciam nosso comportamento social. As pesquisas feitas por esta área do conhecimento demonstram que muitas das nossas decisões diárias são estimuladas pelas paletas de cores que nos são apresentadas. No seu sentido mais amplo: trabalhar em lugares com cores neutras ou estimulantes; andar por onde se tem vontade de afundar as mãos nos bolsos ou dançar pela rua; Frequentar ambientes em que as cores acolhem ou estimulam atividades físicas e sociais...
Somente para citar dois exemplos: o uso da cor
amarela traz leveza, descontrai, gera otimismo. É utilizada em ambientes em que
se precisa de criatividade produtiva, lidar com jovens e tornar lugares mais
alegres. Veja o caso da cor roxa, que é considerada a cor da sabedoria, mas
remete, também, à fantasia, ao mistério e à espiritualidade. Seu uso adequado
pode, além do conforto, dar a sensação de bem-estar tão necessário em lugares
de estudos, trabalho, convívio familiar, áreas urbanas recuperadas.
Estamos longe de ter uma cidade em que se privilegiem
os ambientes como espaços de harmonia e relaxamento. Nossas ruas, na maior
parte das vezes, são feias e sem graça. Quando, ainda, os moradores não
auxiliam, torna-se pior. Pode ser o descarte adequado do lixo, a pintura mais
exuberante, a planta que roube o verde do asfalto e da calçada de cimento...
Não é gasto, é investimento. Quando se melhora a casa não está se fazendo um
favor, mas dizendo que viver em sociedade é fazer do coletivo a própria
felicidade.
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