A maior desculpa que se pode dar quando não se está suficientemente motivado para fazer algo é: “não tenho tempo!” E seus correlatos: “estou ocupado” ou ainda “isto é bobagem de criança!” Santas bobagens de crianças. Dizem que todos os problemas que vamos enfrentar na vida iniciam por aí. Especialistas pensam ser necessário utilizar a ludoterapia para os pequenos. Mas e quem auxilia as crianças grandes a vencerem seus preconceitos? Há gente que se pensa adulta porque cresceu e envelheceu. E isto basta?
A ludoterapia poderia ser estendida à “criança que
todo o adulto um dia foi”, no dizer do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupery. Lida
com a aceitação da criança como ela é, as dificuldades de relações, a
descoberta e o respeito por suas capacidades. Posso estar enganado, mas são questões
que se passa a vida inteira tentando resolver, muitas vezes, com recaídas.
Creio que avós que brincam com netos não significa um retrocesso mental, mas
que outros adultos ainda não se deram conta de que também podem brincar.
O brinquedo é lugar de inclusão. Do qual, “adultos” deveriam ser afastados para não contaminar ambiente de inocência. Têm regras estabelecidas desde sempre e quando um “maior” tenta adequar, viola princípio básico, mexe em time que está ganhando. Porque desvirtua com seus pré-conceitos de que “são apenas crianças”, então não importam as normas. Importam, sim. A exceção que beneficia alguém é o “desaprendizado”, pelo resto da vida, a possibilidade de que alguém acomode situações para que se dê bem...
Em brinquedos que passo na caminhada é comum
encontrar marmanjos e marmanjas ocupando balanços e gangorras. Nada contra se
ali não dissesse que há uma idade limite para o uso, possibilitando a manutenção
e a durabilidade dos equipamentos. Não deve ser problema com a alfabetização
pois já são adultos que também fazem caminhadas e exercícios. Serão crianças
grandes que esqueceram as regras estabelecidas nos tempos de infância em que se
respeitava a vez do outro e a fila para subir no escorregador?
Gostei da ideia da adaptação de equipamentos para
deficientes físicos. Um jornal local publicou foto de um garoto usufruindo e
outras pessoas, no seu entorno, igualmente alegres pela partilha. Só o
preconceito impede que se pense o mesmo para idosos. Aliás, brincar é para a
vida toda, inclusive com joguinhos de celular, que não devem ser exclusivos,
mas auxiliam na concentração e destreza dos dedos. Gosto de ouvir notícias de
grupos da terceira idade que incluem em suas dinâmicas os exercícios e
brinquedos.
Brincar deveria ser incluído nas constituições como direito
universal inalienável. A ludoterapia acontece em ambientes escolares, mas
poderia estar presente em igrejas, associações, onde as pessoas se reúnem em
busca de bem-estar. Aos jogos de carta, dama, dominó, podem se acrescentar as
brincadeiras de salão e, porque não, a dança. Se as juntas já estiverem
enferrujando, é uma boa oportunidade de ajudá-las. O importante é não ficar
parado. Então: dê uma oportunidade à vida, em 2023. Vamos lá: mexa-se!
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