domingo, 11 de dezembro de 2022

Futebol, política e a vida que segue

É muito estranho estarmos a apenas duas semanas do fim do ano e haver uma copa do mundo de futebol em andamento. Até agora, não assisti nenhum dos jogos integralmente, não que não me interesse por futebol, embora não entenda muito (como diria o Jorge Malhão), mas porque sempre tinha outra coisa por fazer, nem que fosse acompanhar a família. Dos meus tempos de seminário, fiquei com a ideia de que poderia ser um torcedor razoável e um jogador medíocre (e olha que isto é um elogio!)

Claro que tenho minhas preferências: além da torcida pelo Brasil (depois explico o porquê) estavam na lista a Coreia, a Croácia, Uruguai e Argentina. Pelos latino-americanos nunca tive aversão, bem pelo contrário, uma admiração pelo seu futebol e pela cultura de origem espanhola. Com vontade de voltar a roteiros que incluem os centros históricos de Montevidéu e Buenos Aires que, mesmo com todos os problemas econômicos e políticos, ainda transpiram um charme especial da sua história.


A Croácia é a simpatia por um povo que passa por uma guerra que nenhuma gente merece. Na maior parte das vezes, as pessoas que sofrem as consequências sequer sabem das razões que as envolveram. Os motivos por disputas territoriais, de poder, de dinheiro, do mal que transforma em suposto patriotismo aquilo que somente prejudica a grande maioria. No entanto, ter visto a sua seleção ser vice-campeã no torneio passado e estar em destaque este ano pode ser um bálsamo que minimize os seus sofrimentos...

A Coreia, é sabido, tem meu carinho por diversos motivos: os doramas (séries asiáticas jovens); os grupos musicais, com cancioneiro local e internacional; mas, especialmente, a opção que fizeram, ainda no século passado, pela educação e que tiraram de um patamar de pobreza para referência na área do conhecimento, especialmente da pesquisa e novas tecnologias. Próximo da China e da Coreia do Norte, seria “natural” que carreassem investimentos para a guerra, mas tiveram o bom senso de não fazê-lo.

Na certa, especialistas acabarão fazendo análises do momento de transição política vivida pelo Brasil e a copa do mundo. Vou meter a minha colher: torço, sim, pelo Brasil, não porque seja a “pátria de chuteiras”, mas porque ainda é um entretenimento de alcance popular. Nestes tempos de picuinhas eleitoreiras, que ninguém merece, ouso dizer que acompanhar o Brasil jogando e se saindo bem nas suas partidas dá uma aliviada num clima que, com certeza, seria ainda mais pesado neste tempo de espera.

O Brasil atropelou a Coreia e parou na Croácia. Que pena, como diz o dito popular: “vida que segue!” Voltou um futebol ágil, criativo, brincalhão e festeiro. Recuperou as origens do nosso futebol, herdado dos ingleses e que aqui passou pela ginga de um esporte que vai dos grandes (e muitas vezes desnecessários) estádios a campinhos de peladas em vilas e colônia. Afinal, já se cantou que “este é um país que vai pra frente.” Hoje, na instabilidade política, não retroceder já é gol de placa, uma grande conquista...

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