sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Quando a luz se extingue no olhar...

A jornada da vida faz o trajeto

De quem peregrina à beira de um rio.

Se não tiveres um cajado em tuas mãos, paciência,

Há outros arrimos que auxiliam no percurso.

 

Não deixa de te encantar com a paisagem,

Sem perder o sentido do horizonte.

A curva à tua frente é ponto crucial.

Não é o fim, mas a possibilidade de

Conseguires olhar para o passado

Já com a perspectiva do futuro.

O cajado em tuas mãos carrega as experiências

Marcantes por todos os teus tempos.

As resistências e preocupações,

Os sonhos e pesadelos.

O cajado tem as marcas de quem tatuou

 Na epiderme da alma lembranças e saudades.

 

É um longo tempo para entender que, até no amor,

Somos nômades, na eterna busca.

Para sempre mendigos, insatisfeitos e incompletos.

Sôfregos por um instante, um lampejo de compreensão,

Da melhor forma, do melhor jeito,

De não desperdiçar o instante vivido com o ser amado.

 

O amor é sempre um pedido, uma carência,

Um selo que vai despertando cada parte do corpo

E que, mesmo nesta longa jornada,

Quando os pés e as mãos roçam nas pedras,

Ou se percorrem águas profundas,

Mantém-se como enigma, tão misterioso quanto a morte,

Tão doce quanto o mais sublime dos sentimentos...

 

Viver sem amar não tem sentido.

A morte é a luz do olhar que se extingue

Quando não encontra correspondência num outro olhar.

O que mata a vida é a carência que vai afastando do outro,

Entorpecendo sentidos e paralisando emoções.

 

A jornada do rio segue em direção ao mar.

Simples, como a água que corre,

O sentido da vida é a própria vida.

A caminhada tem sempre um poente e um sol nascente.

Inspire-se para fenecer e inspire para renascer.

É o jeito de descobrir, mesmo depois de cada curva,

Que se vive melhor quando, até o fim,

Ainda se desperta no encanto de um novo dia

E se adormece sonhando com o amanhã...

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