A jornada da vida faz o trajeto
De
quem peregrina à beira de um rio.
Se
não tiveres um cajado em tuas mãos, paciência,
Há
outros arrimos que auxiliam no percurso.
Não
deixa de te encantar com a paisagem,
Sem
perder o sentido do horizonte.
A
curva à tua frente é ponto crucial.
Não
é o fim, mas a possibilidade de
Conseguires
olhar para o passado
Já com a
perspectiva do futuro.
O
cajado em tuas mãos carrega as experiências
Marcantes por todos os teus tempos.
As
resistências e preocupações,
Os
sonhos e pesadelos.
O
cajado tem as marcas de quem tatuou
Na epiderme da alma lembranças e saudades.
É
um longo tempo para entender que, até no amor,
Somos
nômades, na eterna busca.
Para
sempre mendigos, insatisfeitos e incompletos.
Sôfregos
por um instante, um lampejo de compreensão,
Da
melhor forma, do melhor jeito,
De
não desperdiçar o instante vivido com o ser amado.
O amor é sempre um pedido, uma carência,
Um
selo que vai despertando cada parte do corpo
E
que, mesmo nesta longa jornada,
Quando
os pés e as mãos roçam nas pedras,
Ou
se percorrem águas profundas,
Mantém-se
como enigma, tão misterioso quanto a morte,
Tão
doce quanto o mais sublime dos sentimentos...
Viver
sem amar não tem sentido.
A
morte é a luz do olhar que se extingue
Quando
não encontra correspondência num outro olhar.
O
que mata a vida é a carência que vai afastando do outro,
Entorpecendo
sentidos e paralisando emoções.
A
jornada do rio segue em direção ao mar.
Simples,
como a água que corre,
O
sentido da vida é a própria vida.
A
caminhada tem sempre um poente e um sol nascente.
Inspire-se
para fenecer e inspire para renascer.
É
o jeito de descobrir, mesmo depois de cada curva,
Que
se vive melhor quando, até o fim,
Ainda
se desperta no encanto de um novo dia
E
se adormece sonhando com o amanhã...
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