Creio que foi em 1994 que recebi o convite para ir conversar com o professor Cilon Rodriguez, que então era diretor da Escola de Comunicação da UCPel. Já o conhecia: no final da década de 70 havia sido meu professor na mesma instituição, assim como tivemos algumas atividades em conjunto na paróquia de Santa Teresinha e na Diocese Católica de Pelotas. Mas para mim foi surpresa saber que desejava que eu assumisse duas disciplinas de redação em jornalismo, assim como a de planejamento gráfico.
Claro que fiquei feliz, afinal, sempre tínhamos na
agência, da qual era sócio – a Empório de Comunicação - alunos que estagiavam
e, em algum momento, convidavam para ir palestrar em Semanas Acadêmicas.
Surgiam os computadores para a redação e já dispúnhamos desta tecnologia, bem
como para fazer o desenho gráfico de jornais e revistas. Melhor ainda ficou
quando encontrei o Jorge Malhão que também tinha sido “convocado” para assumir
as disciplinas de rádio e faríamos a estreia juntos.
Se levei conhecimento técnico na área de informática
para dentro da Escola, em compensação, fiz um longo aprendizado pedagógico na
relação com professores e alunos. E o mais importante: uma autêntica “especialização”
em humanidade, com o professor Cilon. Era um agregador, no seu sentido pleno. Incentivava
as discussões conjuntas de projetos pedagógicos, bem como encontros para
jantares ou mesmo no sítio que comprara e já punha um olho no futuro pensando
na sua aposentadoria.
Quando a pandemia deu sinais de que já se podia
participar de eventos presenciais, alguns ex-colegas professores aventaram a
possibilidade de se fazer um reencontro. Poderia se aproveitar que agora o
Cilon tinha um empreendimento turístico - o sítio Sonho Meu - e fazer um pacote
em que se acertaria um valor para tirar um domingo com o almoço, que era
bastante elogiado. Fomos protelando, naquela história do “deixa pra depois”, da
qual sempre se reclama e nunca se faz nada, que acabou vencendo...
No velório, encontrei a velha guarda da Escola:
Margarete, o Recuero, o Fábio, a Raquel, a Ana Amélia para uma despedida e
lembranças. Dos mais antigos aos mais jovens, de alguma forma, brincadeiras,
conversas na sala dos professores ou pelos corredores, eram a marca do Cilon
que foi professor, diretor e amigo. Sua experiência como educador se estendeu
para fora da Comunicação, onde auxiliava na formação de lideranças religiosas,
tanto na Igreja Católica, quanto em outros credos cristãos.
O Cilon faleceu na sexta (30), no espoucar da
Primavera. Quando deixou de lecionar, junto com a Elizete, sua esposa, mudou-se
para Morro Redondo, onde realizou um sonho: viver em meio da natureza, recebendo
amigos beneficiados pela acolhida, albergados, bem alimentados e podendo fazer
uma trilha inspirada em São Francisco de Assis. Imaginem. Para que mais? Só
podia ser o Cilon... Que descanse em paz. Ficamos em dívida do reencontro
contigo. Nos perdoa. Já estamos sentindo saudades!
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