Já contei que meu horário de fim de tarde e à noite, enquanto tomo a segunda rodada de chimarrão, não é preenchido assistindo novelas, mas minisséries. E que, recentemente, descobri as produções coreanas, sendo a telenovela da vez as “Crônicas de Arthdal”. Falei, mas repito, que as séries coreanas guardam uma certa inocência, neste caso, ao revisitar suas lendas, com ação, suspense, romance, uma pitada de humor e o que se poderia chamar de “jeitinho brejeiro”, espichando a última palavra e fazendo biquinho.
Depois, infelizmente, é assistir noticiários, debates
ou procurar reprises de produções que ainda guardam algo do velho e bom humor.
Começo, às 9 horas, com o Vai que Cola, do Multishow, e passo para a Warner,
onde assisto o The Big Bang Theory. Sabem a fala dos Teletubbies: “de novo, de
novo”? Pois é, é o que os canais fazem. Mas entre o humor escrachado do Vai que
Cola e o “nonsense” do The Big Bang, passa o tempo e a diversão é garantida por
gostar ou ficar com raiva dos personagens...
Tudo isto pra contar que numa noite da semana passada,
a troupe do Vai Que Cola resolveu fazer a festa temática “A Turma do Chaves”,
com direito à imitação do próprio Chaves, o Kiko, Chiquinha, Nhonho, Chapolin
Colorado, a Bruxa do 71, seu Madruga, dona Florinda, professor Girafales e o
seu Barriga. Este último fez uma participação especial vivendo situações em que,
de alguma forma, sempre lhe era proporcionado um “acidente” que o afastava do
cortiço aonde ia tentar receber os alugueis.
A série mexicana encantou a criançada na década de 80,
quando entrou no ar, no Brasil, pelo SBT e mesmo tendo sido encerrada em 1992
continuou sendo reprisada “ad eternum”. Difícil era encontrar uma criança que
não soubesse um dos bordões repetidos pelos personagens. Os que se tornaram
clássicos vinham do Chaves, como “foi sem querer querendo”, “ninguém tem
paciência comigo” ou “isso, isso, isso”, que ainda lembro do meu sobrinho Renan
ou meu afilhado Edinho juntarem os dedos e repetirem.
Bordões, na televisão, são palavras ou frases
repetidas, muitas vezes fora do contexto original, quando o artista ou autor se
dá conta de que grudaram na memória. No Brasil, foram o Chico Anísio (“Ainda
morro... disso”, “eu tô prejudicado”) e o Jô Soares (com seu “beijo do gordo”,
“tira os tubos” e “cala a boca Batista”). De programas do rádio que migraram
para a televisão, eram comuns na “Turma da maré mansa”, onde havia um edifício
que se tornou “símbolo” em todo o Brasil: “balança, balança, mas não cai!”
Não reclamo das novidades consumíveis e descartáveis.
É o tempo de hoje. Quem sabe ainda se aprende a aproveitar melhor o que vem com
a própria história. Admiro quem se delicia com clássicos da literatura, artes,
cinema. Mas me emociono vendo quem é sensível em lidar com crianças no seu
encantamento, bem como as que cresceram e não desapegam do olhar de surpresa. “Isso,
isso, isso...” é remexer no passado, quando a gente se dá conta de que rever
bordões também guarda um doce sabor de saudade!
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