Outubro entra para a história como o período em que os brasileiros enfrentam a mais difícil das eleições. O resultado nas urnas apresentou a polarização que nada mais é do que um racha ideológico que acirrou o ódio da direita contra a esquerda e vice-versa. Os votos dados aos demais candidatos têm representação pífia servindo, no segundo turno, mais como jogada de marketing do que segurança de serem números que alterem o quadro atual. O que vai acontecer? Só Deus sabe. E eu creio que nem Deus se mete...
Começo por esta brincadeira de mau gosto, colocando Deus em meio a uma
situação que Ele não merece. A virulência dos ataques que condenam à fogueira
supostos infiéis acontece mais por crenças e interesses pessoais do que por conhecimento
político-partidário ou a doutrina social de alguma igreja. É bom repetir que a
necessidade de se candidatar pessoas ditas consagradas – padres, pastores,
reverendos - significa que suas igrejas falharam em formar lideranças leigas,
com princípios cristãos sérios.
Constituiu-se uma cultura do “achismo”, eivada de preconceitos, que se alimenta de uma visão popular deformada, já que fruto de uma educação capenga. Como inexistem “mentes” leigas capacitadas, “religiosos” se julgam no direito de exercer uma “missão”, que não é serviço a uma causa, mas a demonstração de vaidades. O chamado magistério da Igreja, de que falam os católicos, deveria referenciar as demais religiões para que também fossem espaços de conscientização e não para disputadas político-partidárias.
Um ponto em que a cidadania sofreu no primeiro turno das eleições, quando
o destaque foi a escolha para a presidência, ficou por conta dos símbolos
nacionais: a Bandeira, o Hino, as Armas e o Selo. Que são de todos, não importando
se conservadores ou progressistas, de esquerda ou direita, religioso ou ateu,
rico, remediado ou pobre, nativo ou naturalizado. Partidos de todas as ideologias
têm o direito de usar as cores para sua identidade, mas não de se apropriar com
exclusividade das representações nacionais.
Discussão que sempre rende incomodação, mas vamos lá: não vejo a camiseta
da seleção brasileira de futebol como símbolo nacional, porque, de fato, não o
é. É a representação de um esporte, uma das paixões dos brasileiros, hoje bem
menor do que em outros tempos, quando se falava na “pátria de chuteiras”. O
“esporte bretão” que tem seu lugar garantido em campinhos pelas periferias já
foi uma possibilidade de ascensão social. Hoje é resultado de negócios que tem
se misturado perigosamente com a política.
Um velho amigo dizia que estamos atrapalhados. A surrada festa da
Democracia já está deixando suas marcas. Feita a contagem de votos, os
derrotados deveriam reconhecer e os vencedores ter a grandeza de não pisotear
sobre os vencidos. Infelizmente, há muito déspota travestido de democrata.
Queira Deus que me engane, mas teremos feridas sob panos quentes até o próximo
pleito. Quando, novamente, mazelas serão expostas, sem a perspectiva de solução
para problemas conhecidos e os que já aparecem no horizonte...
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