A campanha eleitoral em segundo turno para a presidência da República e o governo do Estado tem sido pródiga em ataques pessoais e pobre em detalhar propostas. Repetem-se promessas que já foram feitas em eleições anteriores, com um mesmo problema: sem dizer o como serão concretizadas e em quanto tempo. A polarização acirrou os ânimos e já não importa pensar no que pode ser concretizado, mas em não perder espaços de influência que representam controle sobre a máquina pública e recursos financeiros.
Pode-se até falar em disputa ideológica, mas a
impressão que fica é de que os ideólogos estão sendo usados para justificar uma
luta por poder entre direita e esquerda. Com um motivo para espanto: o erro
acintoso das pesquisas eleitorais é tão surpreendente quanto o avanço
significativo da direita que trabalhou o antipetismo e o voto envergonhado e
emergiu das urnas praticamente com os parlamentos gaúcho e nacional sob
controle. É fato. E criticar o que aconteceu não desfaz o que vai se dar a
partir de 1º de janeiro...
Num Estado que já se ufanou por ser um dos mais esclarecidos politicamente, como resultado de um
histórico de investimento em educação particular e pública, o que se percebe é um claro retrocesso. Enquanto o ensino particular ainda consegue manter o nariz fora da água, o público, infelizmente, está sucumbindo. A crise salarial recente, com o ajuste de cortes nos gastos, abalou o número de matrículas em colégios particulares e lançou crianças na rede pública com muitas dificuldades de se adaptar.
Aí reside um dos temas que precisam ser detalhados
pelos candidatos. O chamado orçamento secreto e investimentos com cunho
eleitoral aumentaram ainda mais a dificuldade para que secretarias e
ministérios destinassem recursos para o básico: manutenção de espaços físicos,
alimentação de criança, preparação e salários de professores... Como resultado,
o fosso entre alunos que precisam do Estado para aprender e aqueles que podem
pagar pelos seus estudos aumentou exponencialmente.
Se percebe claramente que alunos de escolas públicas demoram mais para se apropriar de conhecimentos elementares, enquanto o outro é estimulado ao aprendizado não somente do básico, como também do que é complementar, e pode fazer a diferença. As oportunidades são desiguais nas áreas físicas, atividades complementares, aprendizado de línguas, conhecimento e aplicação de informática, para citar alguns dos aspectos. Basta olhar para as denúncias que os meios de comunicação publicam todos os dias.
Direcionar recursos para escolas públicas capacita
crianças em ambientes que muitas vezes não têm em casa; receber alimentação que
compensa um problema social; passar o dia em atividades de ensino, cultura e esportes,
num aprendizado de cidadania. Retirar recursos desta área é crime hediondo.
Triste é ver que homens e mulheres que negociam a política partidária não estão
interessados. Em tempos de tanta animosidade, ignorar a Educação aborta a
esperança no nascedouro e rifa a possibilidade de um futuro.
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