A expressão não é nova: "tolerância zero". Olhando para os problemas que enfrentamos, percebe-se que a solução passa por um pacto ético. E o problema não está apenas nos políticos que se corromperam ou que corromperam. Está no estrago que acontece quando elegemos representantes que têm pendências com a Justiça, ou já estiveram envolvidos em escândalos políticos, administrativos e financeiros.
A "Constituição Cidadã" de 1988 elencou direitos e deveres, mas, a falta ou o excesso de regulamentação, escancarou brechas que permitem a sensação de insegurança que temos, causada pela certeza da impunidade que a prática da maior parte dos crimes encontra.
Quando cobram posicionamento a favor ou contra o governo, a favor ou contra a oposição, fico com a impressão de que não são diferentes. Fomos vítimas de estelionato eleitoral com a desculpa de que não sabiam o que recebiam: presidente Dilma jogou nos braços da população tudo aquilo que disse que não ia fazer (Aécio Neves deve ter levantado as mãos para os Céus agradecendo por ficar na oposição).
O governador Sartori sequer esperava ser eleito. O foi por um sentimento de contrariedade dos gaúchos com o petismo. Resultado: no primeiro mês, sequer tinha quadros para completar o segundo e demais escalões. Novamente, Tarso Genro colocou-se no papel cômodo de dizer que tinha previsto os problemas e que os enfrentaria de forma diferente.
O que seria um pacto ético? Acordar que esquerda e direita erraram e que, de seus quadros, aqueles que têm mais facilidade para o diálogo passem a negociar estratégias que nos tirem da crise. Ainda existem políticos em todos os partidos em condições de amarrar uma solução que viabilize o Brasil. Infelizmente, também existem aqueles que se acham donos da verdade e que, afora o seu credo, não veem qualquer tipo de solução. Preferem ver o barco afundar a dar o braço a torcer.
Não gosto da expressão "grupo de notáveis", porque é pomposa e arrogante. Ao contrário, precisamos de pessoas humildes e capazes de escutar, mas também com autoridade moral e intelectual para propor as mudanças necessárias, que passam pela economia, mas iniciam na educação. Não é um projeto de curto prazo. As transformações que se fizerem - "tolerância zero" - têm que estancar a ferida que drena o poder aquisitivo e também o respeito - próprio e pelo outro. Depois, pela educação, único jeito de investir nos "cidadãozinhos" que farão um novo Brasil.
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