Recentemente, acompanhei o desenvolvimento de três sobrinhos - a Júlia, o Pedro e o Miguel, assim como o processo de cuidados e de amamentação das mães. Para quem está próximo sabe que uma criança, quando está na hora de mamar, não se importa se está em casa, fila de banco, praça, restaurante, em lugar público ou privado. Julga-se no direito - legítimo - de ser alimentado e reivindica com todas as forças que seus jovens pulmões.
Num debate pela televisão vi pela primeira vez e, depois, pelas redes sociais que há muitos defensores de que as mães recolham-se a lugares mais privados para desnudar seus seios e dar de mamar. Os defensores do "não fica bem" esquecem que uma mãe amamentando não é um ato erótico ou nudez gratuita, mas a realização plena do seu sentido de mãe: partilhar com o filho um pouco do seu próprio corpo.
Esta discussão cria um paradoxo mostrado por uma charge na Internet: no primeiro desenho, uma mulher amamentando e pessoas ao seu redor reprovando seu ato. O segundo desenho era de uma modelo em plena passarela do Carnaval, praticamente nua, com os seios à mostra e a aprovação daqueles que assistiam ao desfile.
O papa Francisco, numa cerimônia em que dez meninas e dez meninos foram levados à pia batismal, interrompeu sua pregação quando um deles começou a chorar e foi claro ao dizer que as mães deveriam, sentindo que os filhos pediam, amamentar as crianças ali mesmo, nos bancos da Igreja.
Quem já presenciou esta cena não tem como não se encantar e saber que uma mãe com o seio desnudo entregue à ânsia do pequenino é um ato de amor que, em qualquer lugar, para o tempo, e transforma em único o instante de relação entre mãe e filho. Todas as circunstâncias são apagadas, todas as pessoas presentes são esquecidas e a mãe somente tem olhos para seu filho, assim como todos os sentidos do filho estão concentrados em saciar sua fome, alternando os seios que o remetem aos doces momentos em que ainda estava naquele corpo que o concebeu.
Saciados, ambos, existem ainda momentos que são puros instantes de ritual: erguer a criança para que arrote e, depois, perceber que vai ficando satisfeita, já no caminho do sono. Por toda a história, as mulheres preservaram este momento como sagrado. Respeitá-lo é permitir que a Natureza siga seu curso: estar presente é um privilégio que nos torna mais humanos... quem sabe até mais próximos do Divino!
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